Vereador Dr. Jairinho é padrasto do menino Henry Borel, que morreu no dia 10 de março
Renan Olaz / Divulgação CMRJ
Vereador Dr. Jairinho é padrasto do menino Henry Borel, que morreu no dia 10 de março

O engenheiro Leniel Borel, de 37 anos, pai do menino Henry Borel, que morreu na madrugada do dia 8 de março na Barra da Tijuca, Zona Oeste, disse, nesta sexta-feira (2) em entrevista à revista VEJA, que não tem dúvidas de que o  namorado da mãe da criança, o vereador Dr. Jairinho, é o culpado pelo morte do filho.

"Não tenho dúvidas de que Dr. Jairinho é culpado. Naquela noite no hospital, ele ficava junto aos médicos que tentaram salvar o Henry o tempo todo. Ele é muito frio. Assim que foi decretado o óbito do meu filho, Dr. Jairinho chegou perto de mim e, na frente de uma pessoa da igreja que frequento e de uma amiga minha, disse: "Vamos virar essa página, vida que segue. Faz outro filho".

Ainda durante a entrevista, Leniel diz que só quer saber a verdade, pois deixou o filho em perfeito estado com a mãe. "Como uma criança saudável teria tantas lesões graves só de cair da cama?", questiona o pai .

O engenheiro cita ainda que o filho já chegou a reclamar que Dr. Jairinho o machucava quando ia abraçá-lo: "tudo mudou assim que ela (mãe de Henry) foi para o apartamento do namorado (Jairinho). Logo no primeiro fim de semana comigo, o Henry falou: " Papai, o tio me machuca. O tio me dá um abraço muito forte , mas a mamãe disse que é sonho". Liguei imediatamente para a Monique, que alegou que isso era invenção da cabeça dele", continua.

Leniel diz ainda que após a reclamação do filho, ligou para Monique e disse que queria falar com o vereador sobre o Henry: "quando fui devolver ele para a mãe, pedi pra ele interfonar para o apartamento, pois queria falar com ele. Depois ele desceu na portaria e eu disse que meu filho estava reclamando de uns abraços muito fortes, que o machucavam. Dr. Jairinho respondeu: "Mas o seu filho pede abraço ". Em seguida, disse a ele que não queria saber de abraço forte ou fraco. Ele reagiu bem, não foi hostil e acabou ali. Também falei para a Monique que o Henry estava reclamando que não queria ser deixado sozinho com aquele homem. Ela garantiu que isso não estava acontecendo".

Ao ser perguntado se ele cogitou tentar pedir a guarda da criança na Justiça depois das reclamações do filho, Leniel disse que se arrepende de não ter tomado medidas drásticas, mas que nunca imaginou que aconteceria essa "monstruosidade."

"Sei que não havia como prever que iria acontecer uma monstruosidade com meu filho, mas me culpo por não ter tomado uma medida mais drástica. Cheguei a falar algumas vezes com a Monique que se ele continuasse a reclamar que estava sendo machucado por esse tio, eu iria levá-lo para fazer um exame de corpo delito e recorrer à Justiça. A questão é que embora rejeitasse cada vez mais a casa da mãe e do Dr. Jairinho, meu filho não apresentava qualquer marca pelo corpo. Só naquele último fim de semana que ele tinha um machucado no nariz. Perguntei o que era, mas não soube dizer. Eu tinha receio de levantar uma suspeita tão séria, não se confirmar no exame e perder o direito de ver o Henry".

Quanto a possível participação da ex-esposa na morte do filho, Leniel diz que passou a acreditar que Monique Medeiros pudesse estar envolvida no crime pelo fato dela não se mostrar desesperada e por querer que o enterro da criança fosse de forma rápida e com o caixão fechado.

"Qual mãe não estaria desesperada e lutando para saber o que aconteceu com o filho?. A todo momento, desde aquela madrugada, ela só demonstra querer proteger o Dr. Jairinho. Não sei se está envolvida diretamente na morte ou tem medo do poder que diz ter", afirma.

O engenheiro relata ainda que começou a estranhar a história, quando o casal falou que enquanto estava no carro para levar Henry ao hospital, quem tentava reanimar o filho com respiração boca a boca, era Monique, e não Jairinho , que no caso, é formado em medicina.

"Para mim a luz amarela acendeu quando eles disseram que o Dr. Jairinho havia ido dirigindo para hospital, naquela madrugada, enquanto ela fazia respiração boca-a-boca. Como assim, ele não é o médico? Nunca soube em dez anos que convivi com essa mulher que ela tivesse qualquer experiência em primeiros socorros. Comecei a estranhar aí. Depois que meu filho morreu, a Monique também fez pressão para eu acelerar o enterro", continua.

Leniel disse que quando foi resolver os problemas burocráticos para enterrar o filho, a ex-esposa demonstrava ter pressa para que tudo fosse logo resolvido.
"A Monique ficou ligando e mandando mensagens para eu agilizar tudo, que queria que ele fosse enterrado rápido e com caixão fechado. Expliquei que de jeito nenhum, que meu filho teria velório e que eu tinha o direito de dar o último beijo nele", disse.

O pai revelou que a ficha que Henry morreu só caiu quando recebeu o laudo médico que apontava laceração hepática e hemorragia interna provocados por ação contundente: "Até ali eu estava me culpando, achando que ele tivesse morrido por alguma má formação ou tido um ataque cardíaco. E que eu tivesse sido negligente quando ele chorou desesperado para não ir para casa da mãe. Só depois soube, pelo depoimento dos médicos à polícia, que o Dr. Jairinho fez de tudo para que meu filho não passasse por necropsia. Por que será?".

Ao finalizar, Leniel disse que vive por justiça: "não é porque alguém conhece esse ou aquele sicrano ou tem muito poder que pode ficar impune. Meu filho não morreu em vão. Não vou deixar que seja mais um caso impune. Só quero a verdade."

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