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Reprodução / AFP
Presidente do Ibama culpa pandemia por atraso na resposta do governo a queimadas no Pantanal

O presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, culpou a pandemia causada pelo novo coronavírus pelo atraso na resposta do governo às queimadas no  Pantanal.

Em audiência pública realizada nesta quarta-feira por uma comissão do Senado criada para acompanhar a situação na região, Bim disse que a pandemia foi responsável pela demora do governo na contratação de brigadistas que atuam no combate a incêndios florestais.

"A gente teve um revés neste ano, por causa da pandemia. Isso atrasou um pouco (a contratação de brigadistas) e tivemos um pouco perda do treinamento preventivo, uma prática que a gente faz todo ano", disse Bim.

A contratação de brigadistas do Ibama em 2020 só foi concluída no final de julho, quando a temporada de queimadas no Pantanal já estava em franca expansão. Em anos anteriores, essa contratação era normalmente concluída entre nos meses entre abril e junho.

Neste ano, o Ibama contratou 1.485 brigadistas para atuar em todo o Brasil. O número é semelhante ao contratado em 2019 (1.481), mas inferior ao contratado em 2018, quando 1.565 brigadistas foram selecionados pelo Ibama para atuar no combate a incêndios florestais.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) criticou a resposta dada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), comandado por Ricardo Salles, à situação no Pantanal.

"A única coisa que eu repito é se não chegamos tarde nessa história... o incêndio começou no final de junho, o ministro do Meio Ambiente (Ricardo Salles), chegou 60 dias depois no Pantanal […] chegamos tarde e é preciso reconhecer isso até para que no ano que vem isso não se repita", disse a senadora.

Ao longo da audiência, Bim atribuiu a gravidade dos incêndios florestais no Pantanal às mudanças climáticas e à estiagem que afetou a região neste ano. Segundo ele, a situação foi “extremamente atípica”.

Bim também afirmou que o Ibama enviou peritos ao Pantanal para “mapear” o caminho do fogo e identificar se eles foram resultado de ação criminosa.

No início deste mês, a Polícia Federal em Mato Grosso do Sul deflagrou uma operação contra fazendeiros da região de Corumbá que, segundo as investigações, teriam sido responsáveis por atear fogo em áreas de vegetação nativa para a abertura de mais áreas destinadas a pastagens.

Comissão aprova convite a Salles

A comissão temporária do Senado também aprovou um convite para que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ofereça esclarecimentos sobre as medidas tomadas pelo governo para enfrentar os incêndios na região. Como se trata de um convite, Salles não é obrigado a comparecer.

O requerimento que resultou no convite a Salles foi apresentado pela senadora governista Soraya Thronicke (PSL-MS). A data para a ida do ministro à comissão ainda não foi determinada.

A comissão foi criada há duas semanas em meio à repercussão do aumento recorde no número de queimadas registrado no Pantanal neste ano.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 1º de janeiro e 29 de setembro de 2020, o Pantanal registrou 17.577 focos de incêndio, um crescimento de 195% em relação ao mesmo período do ano passado e o maior número já observado para o período desde o início das medições, em 1998.

Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estimam que 23% de toda a área do Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já foram destruídos entre janeiro e setembro deste ano

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