queimadas no pantanal
Mayke Toscano/Secom-MT
Fogo no Pantanal em 2020 é três vezes maior que as queimadas de todo o ano de 2019

Pressionado internacionalmente pela preservação da floresta Amazônica, o governo de  Jair Bolsonaro afirmou em publicação em rede social que a área queimada no Brasil neste ano é a menor dos últimos 18 anos. A postagem, no entanto, compara dados anuais de 2003 a 2019 com dados de oito meses de 2020.

Caso a comparação fosse feita de janeiro a agosto nos outros anos, 2020 teria mais queimadas que 2008, 2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. A publicação da Secretaria de Comunicação, do Ministério das Comunicações, escreve no pé da imagem, em letras pequenas, o escopo da pesquisa, mas o texto da postagem não.

Mesmo assim, o post foi replicado pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Comunicações, Fábio Faria. Os filhos do presidente Flávio (Republicanos-RJ) e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também interagiram com a postagem.

Os dados utilizados para a comparação foram obtidos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe ), criticado pelo vice-presidente Hamilton Mourão nas últimas semanas. Mourão, que é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, afirmou que os sistemas "são bons, mas ainda têm falhas" e disse que havia um "opositor" do governo dentro do órgão divulgando informações negativas. 

A publicação da Secom acontece em um momento que o Brasil é pressionado internacionalmente pela preservação do meio ambiente. Na terça-feira, durante a abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro disse que o Brasil é vítima de uma "das mais brutais" campanhas de desinformação sobre os incêndios que devastam a Amazônia e o Pantanal , críticas que diz serem baseadas na inveja internacional do agronegócio brasileiro.

Em 15 de setembro, um grupo de de oito países europeus fez um apelo para que o Brasil tome "ações reais" para combater o crescente desmatamento da Floresta Amazônica. A Parceria das Declarações de Amsterdã, atualmente liderada pela Alemanha, manifestou preocupação sobre o que avalia ser o recuo do Brasil em relação ao sólido histórico de proteção ambiental do país.

Também neste mês, o governo francês se posicionou contra o acordo entre Mercosul e União Europeia. Após receber relatório de um comitê de especialistas independentes, alertando para os riscos ambientais que a entrada em vigor do acordo acarretaria, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, se posicionou contra a concretização da proposta e reforçou que o governo tem "exigências" para a continuidade das negociações.

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