Miguel, de cinco anos, morreu ao cair do nono andar de um prédio em Recife.
Reprodução/Globo
Miguel, de cinco anos, morreu ao cair do nono andar de um prédio em Recife.

Em um relatório produzido pelo Grupo de Trabalho sobre Pessoas de Descendência Africana, a Organização das Nações Unidas (ONU) cita o  caso de Miguel Otávio como um exemplo de racismo sistêmico na pandemia. As informações são do jornalista Jamil Chade.

Miguel morreu no dia 2 de junho de 2020 ao cair do nono andar de um prédio em Recife . O menino de cinco anos era filho de Mirtes Souza, trabalhadora doméstica, e estava sob responsabilidade de Sari Corte Real , patroa de Mirtes.

O caso Miguel é utilizado para demonstrar como uma parcela da população é mais vulnerável durante a pandemia.

O texto observa que no mundo todo “falhas em avaliar e mitigar riscos associados à pandemia e ao racismo sistêmico levaram a fatalidades ".

"No Brasil, a trágica morte de Miguel Otávio Santana da Silva , uma criança afro-brasileira de 5 anos de idade, foi um desses casos", aponta.

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O texto explica que Miguel precisou acompanhar a mãe ao trabalho, porque empregadas domésticas são consideradas essenciais no Brasil e creches e escolas estavam fechadas para evitar a disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Enquanto a mãe de Miguel trabalhava, a criança ficou sem a supervisão da patroa e morreu ao cair do nono andar do prédio.

"Muitas trabalhadoras domésticas no Brasil trabalham seis dias por semana, o que sugeriria que situações precárias são mais a norma do que a reconhecida, e exigem a mitigação de riscos no contexto da pandemia", afirma o documento.

O texto da ONU também aponta para o aumento de operações militares nas favelas.

Segundo o documento, nos últimos três meses houve um crescimento de 36% nas mortes por policiais. "Brasileiros de descendência africana se queixam de impunidade e a falta de recursos", declara o Grupo de Trabalho sobre Pessoas de Descendência Africana.

O governo brasileiro poderá responder ao documento na próxima quarta-feira (30), durante o debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

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