Deputada e pastora Flordelis
Fernando Frazão/Agência Brasil
Deputada e pastora Flordelis

Uma troca de mensagens deixou claro para os investigadores da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) a existência de um plano para tentar atrapalhar as investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo e também para incriminar Lucas Cézar dos Santos, um dos filhos adotivos da deputada federal Flordelis dos Santos . Logo após o crime, Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da parlamentar que está preso acusado de atirar no padrasto, tentou acusar o irmão do assassinato de Anderson.

O plano, apontam as investigações, foi articulado por Flordelis e seus filhos. A defesa da parlamentar, acusada de ser a mandante da morte de seu marido, nega envolvimento no crime. O EXTRA teve acesso ao relatório dos dados extraídos do celular que era usado por Lucas. Às 5h25 do dia 16 de junho, duas horas após o crime, Flávio envia uma mensagem para o irmão questionando o envolvimento dele com o assassinato: “Lucas, foi você que atire (sic) no Niel aqui? Mano, ele estava com minha mãe”, escreveu. Niel era o apelido de Anderson.

Em seguida, Flávio afirma que quase “pegaram” Flordelis e questiona Lucas. “Mano, você veio aqui. Passou dez minutos. Barulho de tiro. Minha mãe gritando. Quase pegaram ela. Foi alguém de você?”, escreveu.

No relatório final do inquérito, os investigadores frisaram que ao falar com Lucas, além de tentar incriminá-lo, Flávio narrou uma versão que nunca foi apresentada por nenhuma testemunha à polícia, de que Flordelis estaria perto da vítima no momento em que ela foi baleada.

Diante dos questionamentos do irmão, Lucas aparenta desconhecimento da situação e pergunta o que havia acontecido. Confrontado pelo irmão, Lucas rebate: “Tá mlc (maluco), cara”. Flávio, então, responde: “Não mente. Você é meu irmão”.

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Na DHNSG, Flávio acabou admitindo que foi o responsável por atirar em Anderson na garagem da casa da família, em Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ele ainda acusou Lucas de ter lhe ajudado a comprar a arma do crime na favela Nova Brasília, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio.

Ambos já respondem a processo pelo crime na 3ª Vara Criminal de Niterói. A tese da defesa de Flávio é de que ele assumiu o crime pois foi pressionado. No próximo dia 29, ele será ouvido em audiência do processo, o que ainda não ocorreu.

Para os investigadores, o plano de incriminar Lucas e livrar Flávio de qualquer responsabilidade ficou ainda mais evidente com a fraude de uma carta que chegou às mãos de Flordelis em setembro do ano passado. Na correspondência, Lucas mudou sua versão sobre o assassinato, inocentando Flávio e a mãe de participação no crime.

O rapaz acabou admitindo, em depoimento, que apenas copiou um texto que já chegou pronto para ele na prisão. A polícia concluiu que a carta foi um plano de Flordelis no intuito de atrapalhar as investigações.

No último dia 24, Flordelis virou ré, acusada de ser a mandante da morte de Anderson. Outros cinco filhos e uma neta da deputada foram presos. Lucas e Flávio já estão atrás das grades desde junho do ano passado. Lucas, filho adotivo de Flordelis, tem envolvimento com o tráfico de drogas e completou 18 anos dias antes do crime.

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