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Reprodução/Internet
Advogada Mariana Maduro em foto de arquivo


A advogada Mariana Maduro, de 33 anos, encontrou na ioga uma válvula de escape quando identificou os primeiros sinais de depressão durante a pandemia . A rotina de ir à Lagoa com as amigas praticar a atividade aos fins de semana ajudava-a a lidar com o medo de perder os pais, médicos, para o novo coronavírus.


Tudo isso acabou nesta semana, quando dois homens , o empresário Ricardo Roriz e um ambulante conhecido como Celsão, resolveram filmá-la sem o seu consentimento , fazendo gestos obscenos e expondo o corpo da vítima nas redes sociais.

Ela está plantando bananeira? Vê, vê, vê  — diz Celsão.
Celsão, você fica disfarçando. Vai botar a água ali e ficar fingindo. Celsão, você não vale p**** nenhuma. Olha lá, o que é um velho tarado. (...) Celsão, você é o maior ‘voyeur’  — responde Roriz, enquanto filma as mulheres se exercitando.
Eu gosto pra ‘blau blau blau’  — afirmou Celsão, simulando masturbação.

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Roriz é dono de uma loja de artigos militares em Copacabana e já chegou a ter mais de 300 mil seguidores na página da loja no Instagram, onde publicou as imagens de Mariana. Na perna, ele tem tatuagens do presidente Jair Bolsonaro e da PM, mas, de acordo com a delegada Valéria Aragão, titular da 12ª DP, que investiga o caso, é apenas um admirador sem nenhum vínculo com a instituição.

Há pouco mais de uma semana, ele foi filmado invadindo uma área de isolamento da Vista Chinesa, desrespeitando os guardas e reclamando das medidas de prevenção contra o coronavírus. O homem publicou vídeos sobre o episódio em sua própria rede social. O conteúdo, assim como o que expunha Mariana, foi excluído após a repercussão.

As imagens viralizaram, Mariana foi avisada por amigos e denunciou os dois homens à polícia , mas garante que, mesmo sem ter cometido qualquer crime, já está cumprindo sua própria pena. Além das crises de choro e das noites mal dormidas, ela diz que nunca mais quer fazer ioga, pois agora associa o exercício à violência que sofreu.

"Eu virei um filme pornô , do dia para a noite, para as pessoas usarem quando elas quiserem. Isso é muito bizarro. Eu não sou isso, eu não optei por isso. Eu nunca mais vou fazer minha prática de ioga, porque eu nunca mais vou voltar a pensar que minhas pernas estão para o ar num movimento bonito, vou pensar num idiota qualquer se masturbando. É muito triste que as pessoas façam isso com outras sem nenhum tipo de pudor ou remorso", desabafou ao G1.

Celsão não aparece na Lagoa para trabalhar desde sábado, mas já foi identificado pela polícia. Ele e Roriz foram intimados a depor e poderão responder pelos crimes de perturbação de tranquilidade, ato obsceno e injúria. Ao prestar depoimento, Roriz se disse muito arrependido, preocupado com a repercussão e disse que o caso foi uma "infelicidade". Ele não quis falar com a imprensa. Seu advogado de defesa prometeu levar Celsão para depor ainda esta semana.

"Quando eu cliquei, eu só comecei a vomitar, não conseguia parar de vomitar. A cena é muito grotesca , muito violenta. Vendo aquilo, os comentários. Com eu sou advogada, eu pensei: ‘preciso ter o mínimo de pensamento cognitivo para salvar esse vídeo, printar esses comentários horrorosos’. Porque isso não pode ficar desse jeito. Uma pessoa não pode me expor dessa forma. Eu compartilhei com minha amiga e ela também ficou assustada", disse Mariana ao G1. Abalada, a advogada tenta superar a violência que sofreu.

"A gente está sendo obrigada a estar aqui hoje de pé trabalhando mesmo com um inferno na cabeça. Essas cenas... Eu não consigo parar de ouvir a voz desses dois, o riso, o ‘blau blau blau’, não consigo tirar esse momento da minha cabeça e pensar ‘quantos vídeos ele tem meu?’. Porque eu estou ali todo fim de semana. Meu Deus do céu. Quantas vezes o meu corpo já não foi usado para essa coisa nojenta? Eu me sinto suja ", disse.

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