Na última terça-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou um vídeo em seu Twitter em que toma uma dose de cloroquina . Ele informou que testou positivo para a Covid-19 e iniciou tratamento com o medicamento, mesmo sem evidências científicas de eficácia contra a doença. A repercussão do uso do remédio foi de entusiasmo entre funcionários do Governo Federal.
Segundo levantamento divulgado pela Secretaria-Geral 108 dos 3.500 funcionários da Presidência testaram positivo para a doença
. Os servidores que estão infectados pelo novo coronavírus se sentiram encorajados a iniciar o tratamento com o medicamento.
Segundo o Portal UOL, funcionários que não estão com a doença consideram iniciar o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina como método de prevenção. No entanto, a prática também não é recomendada ou vista com eficiência e pode até mesmo causar problemas de saúde graves em determinadas pessoas.
Funcionários de segundo escalão têm feito torcida para o medicamento nas redes sociais. Há também mensagens de apoio direcionadas à recuperação do presidente. É o caso de Sérgio Camargo , presidente da Fundação Palmares, que realizou uma série de tweets comemorando o uso da hidroxicloroquina.
“A cloroquina ganha seu maior garoto propaganda. Ninguém menos que o presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Camargo.
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Vídeo com hidroxicloroquina
No vídeo em que toma a hidroxicloroquina, Bolsonaro alfinetou “opositores” em relação ao remédio, caso da própria Organização Mundial da Saúde (OMS) e diversos pesquisadores brasileiros, que suspenderam testes e experimentos com o medicamento. “Eu confio na hidroxicloroquina, e você?”, pergunta o presidente.
Na manhã de hoje (8), ele voltou à rede social para afirmar que “com a graça de Deus, viverá por muito mais tempo” . “Aos que torcem contra a hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso”, escreveu.
No entanto, a microbiologista Natalia Pasternak informou à GloboNews que o medicamento pode trazer complicações cardíacas a idosos - caso do presidente, que tem 65 anos. “O que dá para dizer com certeza é que a hidroxicloroquina que ele tomou em público, como se fosse em um comercial de margarina, não vai fazer diferença", afirmou.
Embate na Saúde
O presidente Bolsonaro têm feito “propaganda” para a cloroquina e hidroxicloroquina desde que foi considerada como uma possibilidade no tratamento da Covid-19 - o que, mais tarde, foi desmentido por estudos científicos. Ele afirmava que “diversas pessoas” estavam sendo curadas com o remédio.
Bolsonaro chegou a tentar fazer alterações na bula da hidroxicloroquina , tornando-a própria para o tratamento da doença transmitida pelo novo coronavírus.
A insistência fez com que os ex-ministros da pasta Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Nelson Teich, caíssem. Ambos não concordavam com a alteração do protocolo do uso do medicamento , que tornaria a cloroquina mais acessíveis à população e uma opção para tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) desde o início do tratamento.
Essa alteração foi feita pela gestão do atual ministro interino, Eduardo Pazuello. O Exército já investiu cerca de R$ 1,5 milhão para acelerar a produção do medicamento.
Além disso, o Brasil chegou a receber doações de 2 milhões de doses dos Estados Unidos
, cujo presidente, Donald Trump, também é apoiador do remédio e chegou a afirmar que fez tratamento preventivo com a cloroquina
, mesmo contra ordens de médicos da Casa Branca.