Na última quinta-feira, uma cena ocorrida durante um ato da ONG Rio de Paz por vítimas da Covid-19 na Praia de Copacabana , na Zona Sul do Rio, rodou o mundo. Um homem sem máscara invadiu a instalação onde havia cem covas rasas e começou a derrubar as cem cruzes que representavam os mortos. Segundo o "Fantástico", da TV Globo, quem aparece nas imagens é o aposentado Héquel da Cunha Osório, de 78 anos.
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"Vou tirar essa aqui. Se eles têm direito de botar... A praia é pública. Eu tenho direito de tirar. Isso aqui é um atentado contra as pessoas. Isso aí é um terror. Tá criando pânico. Usando as cruzes... A cruz de Jesus para aterrorizar o povo. Sacanagem", disse ele, enquanto derrubava as cruzes.
Nos anos 90, Héquel foi presidente da Companhia estadual de Gás (CEG) do Rio . Ele tem uma empresa de consultoria de engenharia. O aposentado foi procurado pelo "Fantástico" por mensagem e por telefone, mas não se posicionou sobre o ocorrido. A filha dele disse: "não temos quaisquer declarações a fazer".
O programa teve acesso a uma mensagem com o nome Héquel Osório num grupo de WhatsApp que diz: "Alguém viu minha indignação, derrubando cruzes que a esquerda montou em Copacabana hoje? Não resisti". O texto está acompanhado de uma foto dele na instalação.
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O presidente da Rio de Paz, Antonio Carlos Costa afirmou que a ONG não é ligado a nenhum partido político: "Para ser franco, entre nós não há partido político no Brasil que nos encante. Nenhum de nós é comunista. O que nós queremos é um país menos desigual, no qual a santidade da vida humana seja respeitada"
Ele destacou ainda que nenhum ato da organização, que há anos os realizada na Praia de Copacabana, foi palco de uma reação como a de Héquel. "Nunca recebemos tamanho nível de ódio. E muito menos atitude daquele senhor que resolveu entrar na instalação e sair derrubando as cruzes", disse Antonio Carlos.
Pai recoloca cruzes
Ao ver a atitude de Hélquer, Márcio Antônio do Nascimento Silva reagiu e também entrou na instalação da Rio de Paz para recolocar as cruzes no lugar. Ele perdeu o filho Hugo, de 25 anos, para a Covid-19 em 18 de abril. Ele classificou a atitude de Héquel como uma "falta de respeito".
"Foi só uma emoção de pai mesmo. De indignação. Indignação . A palavra é essa: indignação com aquele ato. A falta de respeito. Vem aquilo tudo na cabeça que você passou e a pessoa ali chutando aquilo, derrubando. Não tinha nada a ver com ele. Não estava fazendo mal a ele nenhum, meu Deus do céu. Eu estava tão feliz. (Pensei) 'poxa, uma homenagem para as vítimas'. Senti um pouco no coração aquela saudade", disse ao "Fantástico".
Márcio Antônio contou que ainda tenta entender a atitude de Héquel: "Chegar e chutar uma representação uma vítima. Isso não é liberdade de expressão. Isso é apenas raiva, ódio. Nem sei o nome que pode dar para isso".