A ONG Rio da Paz abriu covas na areia de Copacabana para representar os mortos pela Covid-19 no Brasil
Reprodução/Rede Globo
A ONG Rio da Paz abriu covas na areia de Copacabana para representar os mortos pela Covid-19 no Brasil


As mortes em decorrência do novo coronavírus (Sars-Cov-2) foram retratadas nas areias da Praia de Copacabana na manhã desta quinta-feira (11) por meio de um protesto da ONG Rio de Paz. Na ação, iniciada às 4h, foram abertas cem covas rasas na altura do Hotel Copacabana Palace para chamar a atenção sobre a postura dos governos durante a pandemia de Covid-19, principalmente o federal. Quarenta voluntários participaram da manifestação, que também teve instaladas bandeiras do Brasil e cruzes.

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A ONG buscou chamar a atenção para o número crescente de mortes em todo o país e apontou a falta de assistência para as comunidades mais carentes. O presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, destacou o modo como a crise gerada pela pandemia no país tem sido conduzida. Ele apontou a falta de diálogo entre os três governos como um dos agravantes no combate ao novo coronavírus e a ausência de um cronograma na busca por soluções.

"O governo federal tem obrigação de apresentar metas e cronogramas para as áreas da saúde e da economia. Nós exigimos prestação de contas, transparência e a demissão daqueles que não alcançarem o objetivo dos prazos estipulados. O governo federal deveria ter assumido o protagonismo de organizar um gabinete de crise com governadores e prefeitos a fim de o Brasil ter uma política comum. O presidente da República precisa compreender que a população brasileira está vivendo um dos momentos mais dramáticos de sua história", afirmou Costa.

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O presidente da ONG também comentou sobre o processo de flexibilização no isolamento social , marcado nesta quinta-feira pela  reabertura dos shoppings na capital com um sistema especial. Ele diz temer por uma segunda onda de contágio, em que município e estado não estariam preparados para enfrentar. Costa destacou o crescimento no número de óbitos no país, dizendo ser um momento de reavaliação e de cobranças por mudanças na postura da União.

"O Brasil pode passar os EUA no número de óbitos, o que nós esperamos que não aconteça. Mas nas próximas horas tudo leva a crer que o Brasil estará no segundo lugar no ranking do mundo de mortos por coronavírus. Uma pergunta precisa ser respondida. Qual é a responsabilidade do governo federal nessa história? Nós não podemos mais ter um presidente que destila ódio. (...) E nós estamos aqui para cobrar. Nós queremos metas, cronogramas, queremos saber para onde o Brasil está indo".

Costa destacou como as populações mais carentes têm sofrido em meio ao cenário. Além das mortes - muitas sem diagnóstico correto -, moradores de favelas estão sujeitos ao aumento da pobreza e têm tido dificuldade para colocar alimentos na mesa.

"Nós trabalhamos nas favelas do Rio de Janeiro, subindo e descendo morro. E eu diria que se não fosse o trabalho das organizações não-governamentais, nós já estaríamos enfrentando problemas nas ruas. Porque nós estamos entrando em barraco com morador se lançando literalmente nos nossos braços para mostrar gratidão por termos chegado justamente no dia em que a dispensa ficou vazia", conta.

Cruzes derrubadas

Algumas pessoas que passavam pelo local se incomodaram com o ato organizado pela ONG. Um homem que caminhava no calçadão de Copacabana , ao ver a manifestação, foi em direção às instalações e começou a derrubá-las. Pelo menos 20 delas foram tombadas enquanto ele dizia ser um espaço público e que o protesto estaria "criando pânico". Ele foi aplaudido por poucas pessoas. Confira no vídeo abaixo:


Instantes depois, um homem que assistiu ao protesto foi em direção às covas, mas para recolocar as cruzes, enquanto falava sobre a perda de um filho durante a pandemia do novo coronavírus .

"Meu filho morreu com 25 anos, saudável. O mesmo direito que ele tem de tirar eu tenho de botar", disse, ao recolocar os objetos.  "Tem que respeitar. A praia é pública e eles têm direito também", continuou.

Os organizadores da ONG disseram nunca terem passado por situação semelhante em ações anteriores.

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