A jovem denunciou a agressão contra ela e a mãe por parte do padrasto nas redes sociais
Reprodução/Instagram
A jovem denunciou a agressão contra ela e a mãe por parte do padrasto nas redes sociais

Eva Luana da Silva tinha apenas 12 anos de idade quando começou a sofrer abusos por parte de seu padrasto. Nesta semana, a jovem, que mora no município de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, usou as redes sociais para denunciá-lo pelos estupros e tortura que ela e a mãe sofreram durante anos, e as publicações viralizaram. 

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Eva, agora com 21 anos, relatou em cinco posts no Instagram o "caos" ao qual seu padrasto a submetia junto à mãe. De acordo com a jovem , sua mãe era vítima do companheiro, que a agredia frequentemente de forma sexual, física e verbal. Depois, a filha também passou a ser alvo das agressões. Leia parte do relato de Eva abaixo: 

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{1} respira ♡ / a todos que me ajudaram até aqui,  seja no "desaparecimento" ou agora,  com os fatos verdadeiros, a minha eterna gratidão.  Aos meus amigos de infância, que eu fui obrigada a abandonar um por um, preciso pedir perdão.  Não vou citar nomes, mas quem está firme comigo sabe, eu vou retribuir com todo o meu amor e relembrar até a minha velhice. / Meu caos teve início quando eu tinha 12 anos, minha mãe era agredida,abusada,violada e torturada quase todos os dias. Meu padrasto era obsessivo e ciumento com ela. Resumindo de uma maneira geral, ela era agredida com chutes, joelhadas, objetos.. Era abusada sexualmente de todas as formas possíveis.  Era obrigada a tomar bebidas até vomitar e quando vomitava tinha que tomar o próprio vômito como castigo. Ele começou a me abusar sexualmente.  Eu tinha nojo, repulsa, ódio e não entendia porque aquilo acontecia comigo.  Me sentia uma criança estranha e diferente das outras. Achava que aquilo só acontecia comigo. Eu tentei por diversas vezes ir para a casa da minha avó, mas ele sempre ligava ameaçando todos, dizendo que iria matar e fazer várias coisas assim. Então era uma prisão sem grade, literalmente. Quando eu fiz 13 anos denunciei. Nessa denúncia eu tinha certeza que seria salva por todos.  Mas não foi isso que aconteceu.  O Estado falhou a tal ponto que o meu caso não chegou nem ao Ministério público.  Fui obrigada a retirar a queixa por ameaças do meu padrasto.  Ele utilizou o poder financeiro pra comprar a liberdade e comprar a minha alma. Porque ali eu perdi a minha alma. E o que eu fui denunciar,  1 ano de sofrimento, se multiplicou em mais 8 anos. Desde então os abusos, torturas e todo tipo de agressão foram aumentando dia após dia, ano após ano. Eu não tive mais vida social. Tudo era uma farsa. Ele nos obrigava a fingir que tínhamos uma família perfeita.  As agressões eram verbais, físicas e psicológicas.  Entre elas  comer muito, em tempo estipulado, isso aconteceu com uma pizza família,  pra comer inteira em 10 minutos.  Óbvio que não conseguimos.Tb tomar 2 litros de refrigerante nesses 10 minutos.. eu levei socos no rosto e ele não me deixava me proteger com a mão. Chutes até cair no chão

Uma publicação compartilhada por Eva Luana 🌻 (@evalluana) em































Eva conta que denunciou o padrasto quando tinha 13 anos, mas foi obrigada a retirar a queixa por conta de ameaças. Depois disso, as agressões passaram a piorar. 

"O Estado falhou a tal ponto que o meu caso não chegou nem ao Ministério Público. Fui obrigada a retirar a queixa por ameaças do meu padrasto. Ele utilizou o poder financeiro pra comprar a liberdade e comprar a minha alma. Porque ali eu perdi a minha alma. E o que eu fui denunciar, 1 ano de sofrimento, se multiplicou em mais 8 anos", escreveu.

A vítima ainda relata que já foi abusada sexualmente, abortou diversas vezes e nunca pôde ir ao médico para fazer curetagem. "Todas as vezes sangrava e passava mal a noite inteira. Já vi os bebês inteiros no vaso sanitário. Eu era chamada de burra, anta, doente, demente todos os dias e era obrigada a repetir isso pra mim mesma", escreveu. 

Em outro post, Eva conta que o padrasto a obrigava a fazer os trabalhos da faculdade dele e tinha que sair mais cedo das aulas para responder as provas pelo celular. Além disso, ele também a vigiava na porta da escola e da sala de aula.

"Meu celular era vistoriado todos os dias, à noite. Ele desinstalava o WhatsApp e reinstalava novamente pra poder recuperar as conversas apagadas. Todos os vínculos eram vigiados e ele sempre respondia pessoas como se fosse eu. Todas as minhas senhas no celular, redes sociais e Gmail eram monitoradas por ele", escreveu. 

"Eu já saí pelada na rua de madrugada, e ele dizia que era para eu ser estuprada por homens. Ele tirava fotos minhas com o meu celular e enviava pra ele mesmo, pra fingir que era eu, criava conversas nojentas com ele mesmo", conta, em outro trecho. 

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Eva afirma que a mãe também sofria agressões constantemente e perdeu um filho por conta disso. "Minha mãe apanhou tanto que teve um parto prematuro, meu irmão morreu depois de 6 dias de nascido. Quando ela estava grávida dele, levou diversos chutes e joelhadas na barriga. Ele não queria mais um filho. Ela pulou um muro pra se salvar." 

De acordo com a vítima, às vezes ela era obrigada a dormir na casa do cachorro, sem ventilação e nem luz, e tinha que passar horas sem comer, ou passar uma madrugada inteira de pé. 

Nas redes sociais, Eva também publicou uma foto em que é possível ver o agressor a procurando pelo vidro da sala de aula. 

A jovem era impedida de ter contato ou vínculos com qualquer pessoa e era constantemente vigiada nas redes sociais
Reprodução/Instagram
A jovem era impedida de ter contato ou vínculos com qualquer pessoa e era constantemente vigiada nas redes sociais














Depois de anos, Eva conheceu seu atual namorado e contou a verdade a ele, pois tinha medo de ser morta pelo padrasto e também pensava em suicídio. "Eu contei a verdade pois não aguentava mais. Ele buscou ajuda de um outro anjo, que me mostrou que a Justiça ainda pode nos salvar. Desde então, todos colaboram como uma cadeia de solidariedade e amor." 

Ontem, a vítima publicou outra foto nas redes sociais e afirmou que está sob proteção jurídica, mas que o padrasto ainda não foi preso. Por fim, ela também pediu que as pessoas compartilhem seu post para que outras mulheres tenham coragem de denunciar abusos e agressões. 

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"Medo me define por completo, no entanto, tenho forças pra dizer: Lutei como uma garota e vou continuar lutando por outras garotas. Se algo me acontecer eu não terei dúvidas de que tentei sair dessa e lutei essa guerra com todas as minhas forças", declarou a jovem .

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