Ônibus são queimados pelo nono dia consecutivo desta que já é a maior onda de violência no Ceará em toda a história
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Ônibus são queimados pelo nono dia consecutivo desta que já é a maior onda de violência no Ceará em toda a história

A onda de violência no Ceará não para. Mesmo com a segurança pública do estado reforçada pela presença da Força Nacional desde o último sábado (5), quando o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro autorizou o envio, os ataques continuaram pela madrugada do 9º dia consecutivo. Nesta quinta-feira (10), os criminosos detonaram uma bomba num viaduto no bairro Parangaba, em Fotaleza, e queimaram ônibus.

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Felizmente, mesmo com a explosão, a estrutura do viaduto não foi comprometida e, na manhã desta quinta-feira (10), funcionários da prefeitura já trabalhavam para limpar e consertar os danos causados pela bomba detonada pelos criminosos. O deslocamento do metrô de Fortaleza, que passa pelo local, chegou a ser interrompido e uma estação ficou fechada por 1h30 no inícido desta manhã após mais um episódio de violência no Ceará .

Segundo a polícia, a explosão do viaduto chegou a ser ouvida por moradores de bairros vizinhos por volta das 0h40 desta quinta-feira (10). O impacto do explosivo deixou buracos na estrutura da parte inferior do equipamento e o esquadrão antibombas da Polícia Militar foi acionada para comparecer ao local. Depois disso, uma equipe de engenheiros da Prefeitura de Fortaleza foi acionada para analisar a estrutura do viaduto enquanto agentes da Força Nacional faziam a segurança da região, que chegou a ser isolada com o temor de um desabamento.

Esse, no entanto, não foi o primeiro viaduto a ser explodido por criminosos. Além de, conforme informou a polícia, o esquadrão antibombas já ter apreendido um material explosivo na estação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na quarta-feira (9) antes de ser detonado, próximo de onde fica o viaduto atacado nesta quinta-feira (10), um outro caso foi registrado na terça-feira (8).

Na ocasião, criminosos tentaram explodir a Ponte dos Tapebas, localizada na BR-222, próxima ao município de Caucaia. A exemplo do que aconteceu nesta quinta-feira (10), os bandidos agiram de madrugada e implantaram a bomba por volta das 2h da manhã. Neste caso, porém, os  criminosos conseguiram detonar o explosivo com sucesso antes da chegada de qualquer autoridade de segurança pública e a explosão causou prejuízos ao danificar parte do piso da ponte e fazer um buraco na pista que obrigou a interdição do viaduto.

Como já virou rotina, além da explosão do viaduto, a população amanheceu com mais um ônibus incendiado após a ação de criminosos  nesta madrugada no bairro Jardim Fluminense, também em Fortaleza. O coletivo estava no fim da linha, estacionado em frente a uma escola municipal, quando criminosos mandaram os ocupantes saírem do veículo, jogaram combustível no transporte e atearam fogo. Ninguém ficou ferido.

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Mesmo com 177 ações criminosas registradas em 43 das 184 cidades do estado, o número de vítimas é pequeno: apenas uma pessoa morreu e outra ficou ferida como decorrência da onda de violência no Ceará. Segundo os agentes de segurança, esse é um sinal de que os ataques criminosos iniciados no dia 2 de janeiro são um protesto contra o poder público. Hipótese reforçada pelo fato da série de ataques ter começado focada em prédios públicos.

Os crimes são atribuídos a facções criminosas que atuam no estado, como o Comando Vermelho (CV) e os Guardiões do Estado (GDE). Os atos seriam uma retaliação à declaração do novo secretário de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, nomeado pelo novo governador Camilo Santana (PT). O secretário declarou que o estado não reconheceria facções criminosas e os presos poderiam ser misturados nas mesmas alas dentro do presídio.

21 detentos foram transferidos de penitenciárias no Ceará para presídios federais de segurança máxima
Divulgação/Sejus
21 detentos foram transferidos de penitenciárias no Ceará para presídios federais de segurança máxima

Desde o início da onda de violência no Ceará, 239 suspeitos já foram detidos. Além disso, o governo do Ceará transferiu vinte presos, na madrugada de quarta-feira (9), para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A ação foi realizada em conjunto entre o governo estadual, o Departamento Penitenciário Nacional e a Polícia Rodoviária Federal.

Diante da não-redução da onda de violência no Ceará, a Força Nacional também reforçou o contingente com mais 106 homens que foram enviados ao estado na terça-feira (8) e se juntaram aos mais de 300 outros agentes que já estavam no estado desde o final de semana.

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Além das forças federais, outros estados também estão ajudando na segurança do Ceará . O governo da Bahia enviou na última semana 100 policiais militares para o Ceará. Outros 43 policiais militares e agentes de inteligência do Piauí, Pernambuco e Santa Catarina também estão no estado.

Apesar do número reduzido de vítimas, os moradores do estado tem enfrentado uma série de transtornos. Isso porque, com o avanço dos ataques, os cidadãos estão tendo dificuldades para se locomover de casa para o trabalho. Segundo relatos, desde que policiais militares passaram a andar dentro dos coletivos, o transporte começou a se normalizar durante o dia, mas no retorno para casa à noite, o medo ainda toma conta porque é ao anoitecer que a maioria dos ataques tem sido realizados.

Criminosos deflagraram onda de ataques no Ceará após declaração do novo secretário de Administração Penitenciária
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Criminosos deflagraram onda de ataques no Ceará após declaração do novo secretário de Administração Penitenciária

Há problemas também com o transporte escolar e a coleta seletiva de lixo. As empresas que atuam na limpeza do estado tiveram que reduzir a circulação de caminhões que recolhem os resíduos nas cidade e o lixo já se acumula nas ruas e principais avenidas de Fortaleza.

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Diante da violência no Ceará , o turismo também teve uma queda por conta da insegurança em plena alta temporada. A rede hoteleira que contava com 85% da capacidade ocupada, já contabiliza uma redução para 65% com o cancelamento de reservas. Os prejuízos, no entanto, só poderão ser contabilizados ao final da série de ataques, a princípio, ainda sem hora para acabar.

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