A Polícia Federal realizou buscas nesta sexta-feira (14) pelo italiano Cesare Battisti, mas agentes da corporação informaram que seu paradeiro é desconhecido e, com isso, ele é tido como foragido da Justiça. A procura por Battisti decorreu de ordem proferida na noite dessa quinta-feira (13) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que decidiu pela detenção do ex-ativista até que o presidente da República – o atual ou o futuro, quando tomar posse – decida pela sua extradição. Hoje, Battisti está condenado a 12 anos por atentados e terrorismo na Itália.
Policiais federais foram nesta manhã a Cananeia, no litoral de São Paulo, onde Cesare Battisti mora, mas não o encontraram. Vizinhos do italiano afirmaram que o ex-ativista não é visto desde novembro. O carro dele está estacionado ainda em sua casa, mas o seu paradeiro é desconhecido.
Responsável pela ordem de prisão, o ministro Luiz Fux assegurou hoje que sua decisão foi "eminentemente técnica" e visou garantir que o presidente da República "não fique impedido de extraditar um estrangeiro pelo fato de o presidente anterior não ter o mesmo ponto de vista".
A decisão de Fux foi comemorada hoje cedo pelo vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini. "Uma prisão perpétua cumprida curtindo a vida, nas praias do Brasil, diante das vítimas, me deixa irritado! Darei grande mérito ao presidente Jair Bolsonaro se ajudar a Itália a fazer justiça, 'presenteando' Battisti com um futuro na prisão da pátria", disse Salvini, nesta manhã, em um post no Twitter.
Antes dele, o ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, também havia comentado a determinação nas redes sociais. "Foram escutados os nossos pedidos. O Ministério da Justiça está trabalhando há tempos para isso, mas ficaremos satisfeitos apenas quando Battisti for extraditado para a Itália", disse Bonafede, também pelo Twitter.
Por sua vez, o advogado do ex-ativista, Igor Tamasauskas, que foi procurado pela imprensa italiana nesta manhã, disse que "ainda não tem posição" e não comentará a decisão do ministro brasileiro. A sua defesa ainda pode recorrer da decisão, pedindo que o caso seja avaliado pelo plenário do STF. Caso isso não aconteça, o ex-ativista precisa ser preso imediatamente.
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Battisti foi preso no Rio de Janeiro no dia 18 de março de 2007, mas conseguiu o status de refugiado político por decisão do então ministro da Defesa Transo Genro, no mesmo ano. Em 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que a extradição à Itália não deveria acontecer, contrariando decisão do STF, que considerou o status de refugiado ao ex-ativista.
Com a atual decisão de Luiz Fux , Battisti pode ser detido a qualquer momento e, tanto o atual presidente, Michel Temer, quanto o futuro, Jair Bolsonaro, poderão extraditá-lo.
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Depois de fugir da Itália, Cesare Battisti
passou 30 anos também como fugitivo entre o México e a França e, em 2004, conseguiu entrar no Brasil, onde permaneceu escondido durante três anos, até ser detido em 2007.
* Com informações da Agência Ansa.