Franciele Frantinato na CPI da Covid
Divulgação/Agência Senado/Pedro França
Franciele Frantinato na CPI da Covid

A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato , ouvida na  CPI da Covid nesta quinta-feira, 08, negou irregularidades em vacinação de gestantes no Brasil. Ela foi responsável por editar uma nota técnica recomendando aos estados brasileiros a vacinação de gestantes com uma primeira dose da AstraZeneca e uma segunda de qualquer outra marca disponível. Assista ao vivo :

"Optamos, pelo cenário epidemiológico, em fazer a intercambialidade. Inicia com uma vacina, conclui com outra. Isso seria um ganho", disse Franciele. Ela citou pesquisas que indicariam a regularidade do procedimento. Mas, ao ser questionada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), não se pronunciou sobre estudos específicos para gestantes e puérperas para a vacinação da Covid-19.

Segundo a servidora, a nota foi emitida no dia 14 de maio e retirada no dia seguinte pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sob o argumento de que ainda era preciso discutir melhor a "intercambialidade" das doses - dos tipos diferentes de vacinas. Fontana afirmou que há nota técnica recente da Saúde, que ainda precisa ser assinada, para orientar a troca entre as doses.

Dificuldades da vacinação no Brasil
Franciele disse que falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a vacina ao longo da pandemia acarretou prejuízos para o processo de vacinação da população brasileira.

"Como coordenadora do programa de imunização, eu preciso de apoio que seja favorável a fala em relação a vacinação. Então, quando o líder da nação não fala favorável, a minha opinião pessoal é que isso pode trazer prejuízos, se me pedir se eu tenho números disso, eu não tenho elementos. Mas eu, enquanto coordenadora, precisava que a gente tivesse um direcionamento único", disse Franciele.

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A depoente ainda defendeu a vacinação, como arma eficaz para combater a pandemia. "Há evidências que mostram que a vacinação é um meio eficaz pra que a gente possa controlar a pandemia. Quando a gente tem ciência, quando a gente tem segurança no produto que a gente tá usando, quando os resultados apontam de forma favorável aquilo pode trazer um resultado pra população, ter uma politização do assunto, por meio do líder da nação e de qualquer indivíduo, vai trazer dúvidas à população brasileira. Há a necessidade de ter uma comunicação única, de qualquer cidadão, de qualquer escalão", afirmou. Veja:


A servidora também alegou a falta de um plano nacional de comunicação em prol da vacinação e disse que faltaram recursos para executar um plano bem sucedido de imunização da população. 

"O PNI sabia muito bem o que precisava fazer. Sempre soube. É assessorado pelos conselhos, pelas sociedades científicas, pelos maiores especialistas brasileiros na área de vacinação. São 47 anos de ampla expertise em vacinação. Faltou para o PNI, sob a minha coordenação, quantitativo suficiente para execução rápida de uma campanha. E campanhas publicitárias para segurança dos gestores, profissionais de saúde e população brasileira. Há que se considerar que o PNI, sob qualquer coordenação, não consegue fazer uma campanha exitosa sem vacinas e sem comunicação", afirmou. Veja:


Franciele pediu desligamento do Ministério da Saúde no dia 30 de junho, segundo ela "por questões pessoais", devido à "politização" da vacinação no Brasil . Ela teve seus sigilos telefônico e telemático quebrados.

Contexto do depoimento
Ouvida na condição de investigada, Franciele não quis assinar o termo de compromisso de que falará apenas a verdade na CPI. Ela está amparada por uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Roberto Barroso, que garante o direito de não assinar termo. A decisão também garante que ela não seja obrigada a responder a toas as perguntas, caso considere que pode se incriminar em algum ponto.

Os senadores tentam entender a atuação do corpo técnico do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro na pandemia da Covid-19. Aumento do número de casos, baixa adesão a vacinação e informações sobre a atuação do "gabinete paralelo" estão na pauta dos parlamentares.

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