CPI da Covid: confira principais momentos do segundo depoimento de Queiroga

Ministro da Saúde foi questionado sobre "gabinete paralelo", "tratamento precoce", a não contratação da infectologista Luana Araújo, a Copa América no Brasil, terceira onda da pandemia e outros assuntos

Marcelo Queiroga na CPI
Foto: Divulgação/Agência Senado/Jefferson Rudy
Marcelo Queiroga na CPI


O ministro da Saúde Marcelo Queiroga  foi questionado diversos temas na CPI da Covid durante o seu segundo depoimento. Dentre eles o "gabinete paralelo", "tratamento precoce", a não contratação da infectologista Luana Araújo, a Copa América no Brasil e a terceira onda da pandemia. Queiroga foi o primeiro a voltar a depor na CPI. A segund a oitiva ocorreu na última terça-feira, 08.

Entre os momentos mais importantes, o ministro da saúde declarou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os governadores sabem dos riscos da realização de grandes eventos durante a pandemia de Covid-19 no Brasil, em relação à Copa América .

Em sua fala, o ministro reforçou que não se trata de um "evento de massa" e disse que informou Bolsonaro que os "protocolos são seguros", ao ser questionado pelo vice-presidente da Comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). "O presidente da República e os governadores dos estados que vão realizar o campeonato sabem dos riscos. Os protocolos são seguros e o risco da população ter mais ou menos Covid é indiferente".

"Se sabem dos riscos, existem riscos", rebateu Randolfe.


Assista ao vivo:


Mais cedo, Queiroga também comentou sobre a não nomeação da médica infectologista Luana Araújo para integrar a Secretaria de Enfrentamento à Covid. Na visão do titular da Saúde, Luana, que ficou apenas dez dias no ministério, “não seria a melhor pessoa” para ocupar o cargo:

“O que eu considerei foi a participação da Dra. Luana como uma consultora eventual onde ela teve um bom desempenho e em função disso eu considerei colocá-la como secretária. Ela não foi efetivada por uma questão de conveniência e oportunidade, e sobretudo porque entendi que no momento ela não seria a melhor pessoa para harmonizarmos essa questão que estamos discutindo”, afirma Queiroga.

“Tenho uma boa impressão da Luana, é uma pessoa que tem residência medica em infectologia na UFRJ e é uma pessoa, médica, relativamente jovem que tem um futuro promissor e que terá sucesso na carreira”, completa o médico, após ser questionado por senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE) a respeito da nomeação da infectologista ao cargo.

O 4º ministro da Saúde do governo desde 2019, disse também que o cargo não lhe dá "poder de polícia", em resposta à senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

Você viu?

Na ocasião, Queiroga defendia que não há risco epidemiológico na realização da Copa América no Brasil. Não contente com a resposta do ministro, a senadora o questionou sobre o anúncio de  mais um ato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com motociclistas, mas, desta vez, em São Paulo .

"Todos têm a responsabilidade de cumprir as medidas não-farmacológicas. Todos, indistintamente neste país. Se vão cumprir ou não, o ministro não tem poder de polícia", respondeu ele.

"O senhor não tem poder de polícia, mas o senhor tem o poder da orientação de política pública nacional", rebateu a senadora. O ministro afirmou que está fazendo seu trabalho com "muita honra" e a sociedade brasileira é testemunha disso.

Mais cedo, o ministro também disse que ainda não está caracterizada uma terceira onda da Covid-19 no Brasil e que aposta na vacinação para evitá-la. Para ele, o país vive uma segunda onda de número de casos muito elevados em um platô.

"Até bem pouco tempo, os estados estavam fechados. Com a abertura, há uma tendência de novos casos e aumento de óbitos. Outro ponto é a estação climática que vivemos, com tendência maior de circulação do vírus. Para mim, ainda não está caracterizada ainda a terceira onda . Estamos ainda na segunda onda em um platô elevada de casos. A minha esperança para conter isso é a vacina", declarou.


Em outro momento, ao ser questionado pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Queiroga afirmou que desconhece o  "gabinete paralelo"  de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Nunca vi atuando de forma paralela", alegou Queiroga. Mesmo assim, o mistro disse já ter conversado com  Carlos Bolsonaro (Republicanos),  Osmar Terra (MDB), Carlos Wizard e a  oncologista Nise Yamaguchi. "Recebi a Nise uma vez, e ela me entregou um protocolo de cloroquina que era usado em Cuba. E eu recebi, como recebo outras pessoas".


Calheiros também questionou o ministro sobre o quadro de profissionais de saúde que integram a Saúde. Queiroga confirmou a informação de que não nenhum médico infectologista. Única infectologista que foi cogitada para o ministério foi a médica Luana Araújo .

"O ministério da Saúde, ao longo do tempo, tem perdido quadros. Nós não temos médicos infectologistas. Temos a doutora Carolina, mas ela é servidora da CGU, não está ali naquela função. O que temos são médicos consultores, que nos apoiam", afirmou Queiroga. Em resposta, Calheiros disse que a informação era de grande gravidade. "Pois é", concordou o ministro. 

A médica  Luana Araújo, em seu depoimento à CPI da Covid na semana passada, já havia afirmado que, se tivesse sido efetivada, seria a única infectologista do ministério da Saúde. Luana  ficou apenas dez dias na pasta e não chegou a ser nomeada.

Inquirido mais de uma vez sobre sua posição sobre o tratamento precoce e o uso de cloroquina, Queiroga disse que "não há evidência comprovada da eficácia do medicamento contra a Covid-19 ".

Marcelo Queiroga foi questionado também sobre  posturas e posicionamentos de  Jair Bolsonaro (sem partido) na pandemia. Ele disse que não é responsável por isso e que já conversou com o presidente sobre o tema, não tendo efeito.

"Eu sou ministro da Saúde, não sou censor do presidente da República", afirmou Queiroga. O senador Renan Calheiros havia questionado se o ministro já havia orientado Bolsonaro sobre a necessidade de usar máscara de proteção contra a Covid-19 e fazer distanciamento social. "Já conversei com o presidente sobre esse assunto e, quando ele está comigo, ele usa máscara na grande maioria das vezes." Queiroga ainda disse que não iria fazer "juízo de valor" sobre as posturas pessoais e individuais do presidente. 

Marcelo Queiroga deu início a seu depoimento defendendo a vacina, as medidas de proteção, como uso de máscaras e o distanciamento social.

"No primeiro momento em que estive aqui, eu tinha a dizer basicamente projetos e compromissos. Agora, cerca de 60 dias como Ministro da Saúde, já posso mostrar alguns resultados. Eu acredito fortemente que o caráter pandêmico dessa doença só será cessado com uma eficiente campanha de vacinação. Por isso, todos os dias, trabalho no ministério para prover mais doses de vacinas", afirmou.


Queiroga também disse que o Sistema Único de Saúde é um patrimônio de todos os brasileiros e citou que o país já passou a marca de 165 milhões de doses de vacinas entregues a estados e municípios. Segundo o ministro da Saúde, toda população acima de 18 anos vai ser vacinada até o final deste ano (veja abaixo).

Queiroga é o primeiro depoente a voltar a à CPI da Covid. O ministro foi ouvido no ao Senado Federal no dia 06 de maio e respondeu de maneira evasiva às perguntas que lhe fizeram. A expectativa é de que o cardiologista seja mais assertivo.

Interlocutores do presidente enxergam a reconvocação como tentativa de desgastar a imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e comemoram que um novo depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello foi considerado desnecessário.