Lincoln Gakiya concedeu entrevista ao Roda Viva
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Lincoln Gakiya concedeu entrevista ao Roda Viva

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, afirmou nesta segunda-feira (01), no programa Roda Viva, que o Primeiro Comando da Capital (PCC)  tem financiado campanhas eleitorais em municípios paulistas e se infiltrado nos poderes do estado.


Gakiya também alertou para a possibilidade de que recursos do crime organizado sejam usados nas próximas eleições.

No que eu verifico é um expressivo número de envolvimento do PCC financiando campanhas de vereadores e de prefeitos de alguns municípios de São Paulo. Eu creio que um projeto de lei anti máfias qualifica e transforma em organização criminosa quando há a influência no processo político ”, disse o promotor.

Gakiya ainda completou que teme que " as próximas eleições possam estar permeadas na utilização de recursos oriundos do crime organizado" e alertou para a " infiltração de organização criminosa nos poderes do estado de São Paulo ".

Classificação legal

Durante o programa, Gakiya também explicou que, segundo a legislação brasileira, grupos como PCC, Comando Vermelho e milícias não são enquadrados como organizações terroristas .

O tema voltou a ser discutido neste ano após representantes do governo dos Estados Unidos defenderem que facções criminosas transnacionais sejam tratadas como terrorismo.

Frente à legislação brasileira, o tipo de tipificação legal que o Brasil deu para o terrorismo, tanto o PCC quanto o Comando Vermelho, ou milícias, não se enquadram como organizações terroristas ”, afirmou.

Apesar disso, o promotor destacou a gravidade da atuação das facções: “ Essas organizações, como o PCC, por exemplo, sem dúvida nenhuma, na minha opinião, praticam atos de natureza terrorista ”.

Falta de cooperação internacional

Ao ser questionado sobre líderes do PCC que vivem em países vizinhos, como a Bolívia, Gakiya defendeu maior integração regional. “ O que falta é cooperação internacional. A Bolívia, infelizmente, não tem boas relações de cooperação policial com o Brasil ”, disse.

Segundo ele, é de conhecimento público que integrantes da cúpula da facção comandam ações a partir do território boliviano. “ Penso que falta realmente uma cooperação internacional . Me parece que o próprio governo brasileiro também precisa assumir a iniciativa de estabelecer essas negociações ”, afirmou.


Descaso no passado

Gakiya também responsabilizou o Estado pela expansão da facção. “ O abandono do estado, que desprezou a existência [do PCC] e o crescimento da facção, fez com que a facção contasse um controle setores [da sociedade e do crime] ”, declarou.

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