
Um dos principais políticos e abolicionistas do Brasil morreu tragado por um vulcão, na Europa.
Nascido em 18 de agosto de 1860, no então município de Capivari, atual Silva Jardim (RJ), Antônio da Silva Jardim entrou para a história do país como um dos principais propagandistas da República.
Filho de Gabriel Jardim, professor primário, e de Felismina Leopoldina de Mendonça, ele desde cedo demonstrou afinidade com os livros e com os ideais de liberdade que marcariam sua trajetória política.
Aos cinco anos, já sabia ler, graças ao ensino do pai. Aos seis, já escrevia. Em 1871, concluiu o ensino primário na escola pública local. Pouco tempo depois, mudou-se para Niterói e passou a estudar no Colégio Silva Pontes, no Rio de Janeiro.
Com apenas 14 anos, foi autorizado pelo pai a morar em uma república estudantil na capital fluminense. Lá, ingressou no tradicional Colégio São Bento, onde estudou português, francês, geografia e latim. Ainda adolescente, assumiu a redação de um jornal estudantil chamado Labarum Literário e, aos 15 anos, publicou um artigo elogiando a postura de Tiradentes contra o absolutismo.
Por dificuldades financeiras, deixou a república e passou a viver no bairro de Santa Teresa, com um primo estudante de medicina. Matriculou-se no Externato Jasper, onde continuou os estudos enquanto buscava um emprego.

Vida acadêmica e engajamento político
Segundo o ebibliografia, em 1877, Antônio recebeu do pai uma pequena quantia e embarcou para São Paulo com o objetivo de cursar Direito na Faculdade do Largo São Francisco, da USP. Ingressou oficialmente em 1878, período em que começou a frequentar sociedades literárias e a se envolver em debates públicos.
Foi nesse contexto que Silva Jardim aderiu com força às campanhas abolicionista e republicana. Atuou como jornalista em veículos como o Tribuna Liberal e lecionou na Escola Normal. Em sua atuação política, também organizava fugas de escravizados e advogava em defesa deles. Após se formar, em 1882, casou-se com Ana Margarida, filha do conselheiro Martim Francisco de Andrada. Pouco depois, mudou-se para Santos (SP), onde montou um escritório com o cunhado.
Atuação republicana e abolicionista
Com o agravamento da crise do Império, Silva Jardim intensificou sua militância. Foi responsável por organizar o primeiro comício republicano do Brasil, em 28 de janeiro de 1888, em Santos. Quando a Lei Áurea foi sancionada, no mesmo ano, participou das comemorações, mas fez questão de reforçar que o protagonismo deveria ser atribuído à luta popular e não apenas à Princesa Isabel.
Ao longo dos anos seguintes, percorreu diversas cidades nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais para difundir os ideais republicanos. Colaborou com a Gazeta de Notícias e ganhou notoriedade nacional por seu radicalismo. Esse perfil combativo, no entanto, acabou afastando-o do núcleo central do Partido Republicano.
Com a Proclamação da República, em 1889, Silva Jardim tentou manter influência no novo regime, mas foi isolado politicamente. Chegou a se candidatar ao Congresso Constituinte, pelo Distrito Federal, em 1890, mas foi derrotado. Pouco tempo depois, anunciou seu afastamento da política.
Tragédia no Vesúvio
Em outubro de 1890, decidiu viajar à Europa com a esposa, os filhos e dois amigos: Carneiro de Mendonça e Américo de Campos. Durante uma visita à cidade de Pompeia, na Itália, resolveu subir o Monte Vesúvio, acompanhado de Mendonça e de um guia local.
Quando se aproximaram da borda da cratera, uma súbita atividade sísmica provocou o desmoronamento do solo. Antônio da Silva Jardim foi tragado pelo vulcão e morreu no dia 1º de julho de 1891.

Sua morte trágica e precoce marcou o fim de uma das vozes mais intensas da campanha republicana no Brasil. De acordo com o site oficial do Município de Silva Jardim, em homenagem a Antônio da Silva Jardim., o município de Capivari, onde nasceu, passou a ter seu nome — no qual, mais de um século depois, ainda preserva a memória de um homem que dedicou sua vida à liberdade, à justiça social e à república.