A menina Heloísa dos Santos Silva, que foi baleada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), morreu na manhã deste sábado (16). A criança de apenas três anos de idade estava internada no Hospital Adão Pereira Nunes em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde o dia 7 de setembro, quando foi atingida por disparos de fuzil durante abordagem da PRF no Arco Metropolitano.
Segundo os boletins médicos divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, o estado de saúde de Heloísa era instável e gravíssimo, mas apresentou uma pequena piora na última quarta-feira (13), seguida de uma parada cardiorrespiratória na quinta-feira (14), mas foi reanimada após seis minutos.
A Polícia Rodoviária Federal emitiu nota de pesar nas redes sociais. “Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda” afirmou a nota.
Ainda de acordo com o pronunciamento, a Comissão de Direitos Humanos da instituição seguirá acompanhando a família e prestando acolhimento e apoio psicológico.
Policial admitiu o disparo
Após prestar socorro à Heloísa, Fabiano Menacho Ferreira, agente da PRF, admitiu em depoimento à Polícia Civil, que realizou os disparos . O policial afirmou que os agentes seguiam o carro da família, um Peugeot 207, que constava como roubado no sistema da PRF.
Segundo Ferreira, os agentes ligaram o giroflex e a sirene para que o motorista parasse, mas após cerca de 10 segundos, escutaram um som de disparo de arma de fogo. Após isso, o policial realizou três disparos em direção ao carro, já que supuseram que os disparos ouvidos vieram do veículo. Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos Silva, os demais agentes presentes na ocorrência, confirmaram a versão.
A família sempre afirmou que os disparos partiram da viatura policial, e uma testemunha que passava pelo local declarou à uma rádio que não houve nenhum disparo anterior aos dos agentes.
A PRF e o Ministério Público Federal (MPF) investigam o agente que esteve no hospital onde Heloísa estava internada. As câmeras de segurança da unidade mostram um agente entrando no corredor da emergência pediátrica sem se identificar no último sábado (9).
Em depoimento ao MPF, William Silva, pai de Heloísa, declarou que conversou com o agente à paisana.
“[Ele] não se sentiu ameaçado, chegou a conversar com esse policial. No curso das investigações, se ficar provado que esse policial entrou no CTI sem autorização, evidentemente pode ser caracterizado um abuso de autoridade sem prejuízo de sanções disciplinares por parte da PRF”, disse o procurador da República Eduardo Benones, que investiga o caso.
Em nota, a corregedoria da PRF informou que o policial não tinha autorização para entrar no hospital e está sendo investigado pela corregedoria para que as razões sejam apuradas.