PGR abre investigação preliminar para investigar se Wassef recebeu dinheiro da JBS e tentou interferir em delação premiada
Daniel Marenco/Agência O Globo
PGR abre investigação preliminar para investigar se Wassef recebeu dinheiro da JBS e tentou interferir em delação premiada

A Procuradoria-geral da República (PGR) abriu uma investigação preliminar para apurar se o advogado Frederick Wassef recebeu pagamentos da JBS, entre 2015 e 2020, e se esses pagamentos tiveram algum impacto no acordo de delação premiada celebrado entre a empresa e a PGR.

A apuração foi solicitada após a revista Crusoé revelar que Wassef teria recebido R$ 9 milhões da JBS e que o advogado teria se encontrado com o sub-procurador da República Adonis Callou de Araújo Sá, que fazia parte da Força Tarefa da Lava Jato, para defender a manutenção do acordo de delação.

A PGR defende a rescisão do acordo de delação premiada dos ex-executivos da J&F Joesley Batista, Wesley Batista e Francisco de Assis e Silva. Na nota em que informou a abertura da investigação preliminar, a procuradoria-geral afirma que "eventual irregularidade poderá reforçar os indícios de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da companhia".

O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda não foi julgado.

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Segundo a Crusoé, o encontro entre o advogado e o subprocurador ocorreu no fim do ano passado à pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro, que teria ligado ao procurador-geral, Augusto Aras, solicitando que Wassef fosse recebido na PGR.

Wassef é próximo da família Bolsonaro e era dono da casa que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, ficou hospedado no interior de São Paulo. Queiroz é personagem central da investigação que apura um esquema da rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Na nota publicada hoje pela PGR, o procurador-geral afirma que não "recebeu solicitação de nenhuma natureza por parte do presidente da República, e desconhece supostos telefonemas do presidente para qualquer membro do MPF".

"Augusto Aras não participou de nenhum dos contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo de colaboração premiada da JBS com envolvimento do advogado Frederick Wassef. Todas as solicitações de audiência para tratar de assuntos jurídicos que chegam ao gabinete do PGR são direcionadas para os procuradores que atuam na respectiva matéria. O PGR dedica-se às áreas constitucional e cível perante o STF", escreve a nota da PGR.

Procurado, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre o caso.

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