A postura do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia da Covid-19 , desde o início das recomendações de distanciamento social, são alvo de críticas dos profissionais e autoridades de saúde em todo o mundo. Diagnosticado com a doença nesta terça-feira (7) , o presidente já participou de aglomerações em protestos, padaria, abraçou apoiadores e precisou de uma determinação judicial que o obrigasse a usar máscara em espaços públicos .
A primeira recomendação de isolamento no Brasil foi feita pelo então Ministro da Saúde Luíz Henrique Mandetta, no dia 13 de março deste ano. Apenas dois dias depois, o presidente participou de uma manifestação organizada por apoiadores em Brasília. Na ocasião, Bolsonaro havia retornado há poucos dias de uma viagem internacional e dividiu selfies e apertou as mãos dos participantes do ato.
No final do mesmo mês, o presidente voltou a ser notícia por causar aglomeração nas ruas e em um supermercado após um tour por bairros de Brasília . Sem máscara e cercado por uma equipe, Bolsonaro cumprimentou trabalhadores e tirou fotos abraçado com algumas pessoas. A atitude, mais uma vez, foi criticada por infectologistas .
No dia 9 de abril, Jair Bolsonaro foi fotografado comendo pão doce em uma padaria. Um vídeo do passeio foi publicado em sua página pelo próprio filho, Eduardo Bolsonaro. Após a refeição, o presidente - mais uma vez sem máscara - voltou a manter contato físico com apoiadores. Um dia antes, o presidente havia aparecido em um pronunciamento nacional, no qual exaltou o uso da hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. Após sucessivos estudos, porém, não foram encontrados indícios de que o medicamento ajudaria na recuperação dos pacientes.
No mês seguinte, quando o Brasil já possuía mais de 6 mil mortes causadas pelo novo vírus e se aproximava dos 100 mil casos confirmados, o presidente voltou a contrariar as medidas de isolamento e segurança em Goiás. Em uma viagem fora da agenda, o presidente cumprimentou com apertos de mãos e abraços dezenas de pessoas, entre as quais idosos e crianças. Além disso, o presidente voltou a criticar as medidas de isolamento.
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Ainda em maio, o presidente provocou mais duas aglomerações: no dia 23, em um passeio por Brasília , quando parou para comer um cachorro-quente na rua e em 30 de maio, quando visitou uma instalação do exército no interior de Goiás e depois chegou a ser fotografado em um restaurante. Já no dia 31 de maio Bolsonaro foi fotografado em um churrasco ao lado do cantor Amado Batista.
Durante todo o período, o presidente ainda foi visto cumprimentando, quase diariamente, os apoiadores que protestavam contra o STF em frente ao palácio do governo em Brasília.
No dia 6 de junho, Bolsonaro acompanhou uma blitz da Polícia Rodoviária Federal ao lado do pastor Silas Malafaia e alguns ministros. Mais uma vez sem máscara, o presidente não comentou perguntas de jornalistas que indagaram sobre as mais de 35 mil mortes causadas pela Covid-19 até aquela data. Na mesma semana, um atraso na divulgação dos dados da doença pelo Ministério da Saúde acendeu o alerta da imprensa sobre um possível subnotificação dos números.
No dia 23 de junho, a Justiça Federal no Distrito Federal determinou que o presidente tem que usar máscara em todos os espaços públicos, vias públicas, equipamentos de transporte coletivo, estabelecimentos comerciais, indústrias e serviços na unidade federativa. Na semana seguinte, o presidente provocou uma aglomeração na cidade de Araguari, em Minas Gerais, onde tirou o equipamento de proteção individual para cumprimentar de longe um grupo de apoiadores que o aguardava.
O presidente, cujos sintomas da Covid-19 surgiram no início desta semana, também participou de um churrasco em comemoração ao dia da independência dos Estados Unidos , em 4 de julho, na casa do embaixador norte-americano Todd Chapman. O presidente publicou uma foto do evento nas redes sociais.
Na imagem, ministros e funcionários, além do embaixador e do próprio presidente aparecem abraçados e sem máscara. O evento, que ocorreu no fim de semana, foi o último do qual o presidente participou antes de afirmar, em entrevista na segunda-feira (6), que estaria com sintomas da Covid-19. Além do presidente, os ministros que participaram do evento também fizeram teste para a doença.