Nesta quarta-feira (12), a Polícia Federal apontou o atual governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB) , como líder de uma suposta organização criminosa que utilizava funcionários fantasmas para o desvio de dinheiro público da Assembleia Legislativa do estado e de várias prefeituras alagoanas. Dantas foi foi afastado do cargo a pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesta terça (11) após decisão da ministra Laurita Vaz.
Dantas é apoiador da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Alagoas e aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
O governador afastado se manifestou nas redes sociais e classificou a ação da Polícia Federal como "grotesca" afirmando que a mesma tentou manchar a sua reeleição ao governo do estado. O candidato, ainda, disse que tudo não passou de uma "encenação" da PF para tentar derrubar sua candidatura.
"Uma ala da PF, sob pretexto de investigar acusações de 2017, pediu à Justiça o meu afastamento do cargo, a poucos dias do 2º turno, e estando com 20 pontos à frente", escreveu Dantas.
"Tudo não passa de encenação, teatro. E essa tentativa é muito fácil de ser desconstruída, pois foi anunciada por adversários — o que evidencia a manipulação da operação policial", completou o governador.
O aliado do ex-presidende Lula também foi alvo de busca e apreensão na segunda fase da operação Edema, que investiga um possível cometimento dos crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal afirma que Dantas é o "principal beneficiário e autor intelectual" do esquema e que "parcela considerável dos desvios foi utilizada para pagamentos de despesas pessoais, honorários advocatícios, transferências a familiares e aquisição de bens em seu nome".
Segundo os investigadores, mesmo depois de assumir o Executivo estadual, o governador "manteve o controle sobre os desvios de verbas investigados, com origem no orçamento da Assembleia Legislativa de Alagoas, beneficiando-se de pagamentos em proveito pessoal da mesma forma que ocorreu desde 2019".
Entenda o caso
Na terça-feira (11), o governador de Alagoas e candidato à reeleição pelo MDB foi alvos de uma operação da Polícia Federal. A ação do Ministério Público Federal (MPF) investiga supostos casos de desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do estado.
Na operação, apelidada de Edema, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão, inclusive na Assembleia Legislativa de Alagoas , no Palácio do Governo do Estado , e na casa de Dantas e de parentes. A ação apura supostos desvios públicos desde 2019.
Entre as ações está o bloqueio de bens, que chega R$ 54 milhões e, segundo as investigações, os principais beneficiários eram o governador e a esposa, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas. A irmã de Dantas também está sendo investigada. O processo corre em sigilo e centenas de imóveis já foram apreendidos.
De acordo com o MPF, a quantia que teria sido desviada foi utilizada, em parte, para pagamento de despesas pessoais, pagamento de advogados, transferências a familiares e compra de bens.
Durante a ação, R$ 100 mil em espécie foram apreendidos na casa de Dantas, além de mais R$ 14 mil com ele em um hotel em São Paulo e R$ 150 mil na casa de um cunhado.
A Justiça também determinou o sequestro de bens e valores dos envolvidos na quantia desviada. Eles são investigados suspeitos de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
O governador, a princípio, vai ficar afastado do posto por 180 dias. Na decisão, o STJ determinou que Dantas e os outros investigados — que não tiveram os nomes divulgados — não mantenham contato entre si e não frequentem os órgãos envolvidos na ação.
Dantas foi alvo de buscas pessoas em um hotel em São Paulo, onde está hospedado. Na ocasião, a Polícia Federal apreendeu, além do dinheiro, o celular dele.
Pai acusou o próprio filho
O ex-deputado estadual por Alagoas, Luiz Dantas, acusou o próprio filho, Paulo Dantas, de corrupção durante sua gestão no estado . A declaração faz parte de uma peça publicitária de Rodrigo Cunha (União Brasil), principal adversário de Paulo na disputa pelo Palácio República dos Palmares.
Na peça, o ex-parlamentar acusou o filho de participar de um esquema de chancela de documentos e que os municípios de Batalha e Major Izidoro foram prejudicados pelo atual governador. Luiz Dantas ainda se disse surpreso com a atuação do governo e acusou Paulo Dantas de traição.
Paulo Dantas assumiu o governo de Alagoas após a saída de Renan Filho (MDB) para de candidatar ao Senado. O vice de Filho, Luciano Barbosa (MDB), deixou o cargo após ser eleito prefeito de Arapiraca.
Dantas concorre no segundo turno das eleições 2022 contra o candidato do União Brasil, Rodrigo Cunha, ao governo de Alagoas . A disputa será no dia 30 deste mês. Na primeira rodada de votação, Dantas ficou à frente, com 708.984 votos (46,64%) e Cunha, teve 407.220 votos (26,79%).
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