Após convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a posse, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei , mudou o tom sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o mandatário brasileiro também "será bem-vindo" no dia da cerimônia.
"Se Lula quiser vir à minha posse, será bem-vindo. Ele é o presidente do Brasil", disse Milei, em entrevista ao canal argentino Todo Notícia. O ultraliberal venceu as eleições presidenciais argentinas com 55,69% dos votos, contra 44,30% de Sergio Massa.
Durante a campanha, o ultraliberal argentino chamou o presidente brasileiro de "comunista furioso" e chegou a acusá-lo de tentar intervir nas eleições argentinas para beneficiar o então adversário de centro/esquerda.
Milei ainda reconheceu que "houve curtos-circuitos na campanha", mas afirmou que o Brasil "é um grande parceiro de negócios" da Argentina.
Diana Mondino, provável futura chefe do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, disse que pretende convidar Lula para a posse de Milei, que ocorrerá no dia 10 de dezembro.
"Vamos convidar Lula para vir à posse. O Brasil e a Argentina sempre estiveram juntos e sempre trabalharão juntos", afirmou Mondino. Anteriormente, ela havia dito que se Milei vencesse as eleições, a Argentina iria "parar de interagir com o governo do Brasil".
O que diz Lula?
Sobre a posse, o presidente brasileiro ainda não se manifestou, mas quando Milei foi declarado o vencedor das eleições presidenciais no domingo (19), Lula desejou boa sorte ao governo, sem citar o nome do presidente eleito.
"A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica. Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", escreveu Lula nas redes sociais.
Dois dias depois, o petista afirmou que não é necessário "gostar" dos presidentes dos países vizinhos, mas sim estar disposto a sentar à mesa em busca de acordos.
“Eu não tenho que gostar do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem que ser meu amigo. Ele tem que ser presidente do país dele, eu tenho que ser presidente do meu país. Nós temos que ter política de Estado brasileira e ele do Estado dele. Nós temos que nos sentar na mesa, cada um defendendo os seus interesses. Não pode ter supremacia de um sobre o outro, a gente tem que chegar a um acordo. Essa é a arte da democracia. A gente tem que chegar a um acordo”, disse Lula.