O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), avalia deixar o partido em meio a um quadro de desgaste com a legenda e pressões do governo. Ele tem relatado a pessoas próximas que não pretende abrir mão do cargo na Esplanada, mas que cogita sair do União Brasil antes mesmo de ser expulso.
A insatisfação de Sabino com o partido não é recente, conforme apurou o Portal iG. Segundo interlocutores, ele nunca se sentiu protegido ou prestigiado pela sigla.
De um lado, viu o União Brasil votar contra o governo em pautas relevantes e fazer críticas públicas; de outro, não recebeu manifestações de defesa em relação ao seu trabalho no ministério. Também foi alvo de queixas por não priorizar demandas do partido em sua gestão.
Entre os motivos para o afastamento, Sabino mencionou que não deseja dividir palanque com outro candidato, pois considera a atitude incoerente com sua trajetória.
Ele já iniciou conversas com outras legendas, e uma das possibilidades em discussão é o MDB, que tende a adotar posição de neutralidade nas eleições de 2026.
A crise ganhou força após reunião ministerial realizada na última terça-feira (26), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou ministros do União Brasil e do PP (Progressistas).
O presidente criticou a participação de integrantes do governo em eventos de oposição, em especial na convenção que oficializou a federação União Progressista, formada pelas duas siglas.
Posicionamento de Lula
Durante o encontro, Lula afirmou que ministros que ocupam cargos na Esplanada devem defender publicamente o governo em atos políticos e se posicionar de forma clara a favor da gestão.
Disse ainda que quem não se dispuser a cumprir essa tarefa não poderá permanecer nos cargos, gerando constrangimento entre os presentes.
Os principais alvos da cobrança foram Sabino, Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), do União Brasil, além de André Fufuca (Esporte), do PP.
O presidente demonstrou incômodo com a aproximação dessas legendas da oposição e com sinais de apoio à candidatura de centro-direita em 2026, como a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além das divergências em votações, lideranças como Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP) têm feito críticas públicas ao governo, aumentando a tensão.
Lula também externou descontentamento pessoal com Rueda, declarando não gostar do dirigente — sentimento que, segundo aliados, seria recíproco.
Diante da cobrança, dirigentes do União Brasil passaram a articular a saída da base aliada. Uma reunião nacional com filiados está prevista para a próxima semana e deve definir o desembarque do partido do governo federal.