Desde março de 2023 que Alexandre de Moraes fala sobre “endurecer” com o X (antigo Twitter). À época, o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) trabalhava como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a rede social discordou de diversas solicitações dele.
A Folha de S. Paulo divulgou nesta quarta, 4, conversas em grupo entre Moraes e Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar dele na época, e funcionários da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), da Corte Eleitoral.
As mensagens foram enviadas alguns meses após Musk comprar o Twitter (em outubro de 2022) e antes de nomeá-lo X . Eles falaram sobre diversas mudanças de conteúdo após a compra, e um dos membros do AEED chegou a ter uma reunião com Hugo Rodriguez, representante da rede social na América Latina.
Moraes ficou sabendo que o Twitter se recusou a cumprir determinações, e o então presidente mandou que o TSE fosse mais rígido com o assunto:
“Então vamos endurecer com eles. Prepare relatórios em relação a esses casos e mande para o inq [inquérito] das fake [news]. Vou mandar tirar sob pena de multa”, escreveu Moraes para Vargas em mensagem no grupo.
Alvim, do AEED, respondeu:
“Vou ver o que consigo. Mas ele [Rodríguez, representante do Twitter] já adiantou que, com a entrada do Musk, a equipe dele deixou de tomar decisões de moderação. Essas decisões estão sendo tomadas por um colegiado, do qual eles não participam.”
“Com a entrada do Elon Musk, a moderação caminha cada vez mais para ter como base a proteção da segurança, mais do que a proteção da verdade”, escreveu Alvim no grupo após a reunião.
”Trocando em miúdos, uma mentira desassociada de um risco concreto tende a não receber uma moderação. A moderação só ocorre quando houver discurso violento, discurso de ódio e cogitação de alguma espécie mais palpável de dano. Com o detalhe de que o ‘risco à democracia’, por não ser tangível, não entra nesse conceito”, acrescentou.
Vargas respondeu: “Resolvido. Vamos caprichar no relatório para esse fim.”
Bloqueio do X no Brasil
A Starlink, empresa de distribuição de internet de Elon Musk, anunciou na terça, 3, que seguirá decisão do Supremo Tribunal Federal de bloquear o X (Twitter) no Brasil.
No domingo, 1, Starlink disse que não seguiria ordem emitida por Alexandre de Moraes na sexta, 30 — o ministro mandou todas as operadoras de internet suspenderem o acesso ao Twitter.
Outra determinação de Moraes e do STF foi bloquear as contas da Starlink no Brasil, por Musk não obedecer à ordem de ter representantes legais no país.
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