Presidente Lula e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto em maio de 2023
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Presidente Lula e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto em maio de 2023


Na última segunda-feira (2), o regime de Nicolás Maduro determinou a prisão do opositor Edmundo González e o clima hostil na Venezuela começa a preocupar tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul.

Cada vez mais isolado, o líder chavista pode atrapalhar acordos na região, além de criar um momento de tensão envolvendo países poderosos, como EUA, China e Rússia.

Desde a eleição, que teve anúncio da Justiça Eleitoral venezuelano pela vitória de Maduro, o clima na região azedou. Países vizinhos como Chile, Argentina e Peru não reconheceram Maduro como vitorioso e chegaram a publicar que o verdadeiro presidente eleito era Edmundo.

O Brasil chefiou, ao lado do México e da Colômbia, uma força-tarefa para que o regime chavista apresentasse as atas das urnas.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse mais de uma vez que não reconhece nenhuma das partes como vitoriosa até que as atas sejam apresentadas.

O petista chegou a sugerir que uma nova eleição seja realizada de forma transparente no país vizinho, o que já foi rejeitado por todos os lados.

Enquanto isso, seguindo a linha de alguns países latinos, os EUA decidiu parabenizar González como o presidente eleito da Venezuela e impôs novas sanções ao país até que Maduro entregue o poder ao "vencedor das urnas".

Outros países seguiram o mesmo passo na Europa e mostrou o isolamento do atual presidente e que a situação pode se agravar.

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais chegou a dizer, após voltar da Venezuela, em entrevista a GloboNews que, embora não quisesse usar essa expressão, temia que uma "guerra civil" tomasse conta do país vizinho.

Mas o isolamento de Maduro, seja com a pressão dos EUA e de países da Europa ou mesmo com o fim do apoio brasileiro e mexicano não significa que o presidente do país está completamente sozinha.

Nomes fortes como a China e a Rússia já parabenizaram Nicolás pela vitória e o consideram o legítimo líder da Venezuela.

A partir de agora, a possível prisão de González pode piorar a situação e uma espécie de guerra fria pode se instaurar na Venezuela e, consequentemente na América Latina.

A complexa situação geopolítica acontece num momento em que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia parece cada vez mais distante.

Se de um lado o governo do Brasil tenta mediar uma solução e colocar oposição e situação na mesa para uma negociação de paz, o mesmo não pode se dizer da Argentina.

Jaiver Milei tem atacado publicamente Maduro e já afirmou que ele deveria estar preso, com troca de acusações entre a diplomacia dos dois países.

Caso Edmundo seja preso, a classe política de todo o mundo deverá reagir, seja para referendar, como deve acontecer com China, Rússia e Cuba ou para criticar como Brasil e México.

O que torna o limite da hostilidade é a posição de EUA e da União Europeia, que podem aumentar as sanções e a pressão contra a Venezuela, assim como a própria ONU (Organizações das Nações Unidas).


Em meio ao complexo momento geopolítico, existe ainda o povo venezuelano. Embora os dois candidatos se considerem vitoriosos, os dois dados garantem certo equilíbrio e um país dividido.

Como moradores cansados do regime de Maduro e eleitores de González reagirão à prisão do líder que eles consideram como o presidente legítimo poderá levar a mais protestos às ruas e a reação do regime chavista, que costuma agir com truculência em casos assim, pode piorar ainda mais a situação.

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