O ex-ministro da Justiça Anderson Torres
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 09.03.2023
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres


Anderson Torres, ministro da Justiça durante parte do mandato de Jair Bolsonaro (PL) disse à Polícia Federal, afirmou em depoimento que não escreveu e nem ajudou a elobrar a conhecida minuta do golpe. Mesmo com o documento encontrado em sua casa e com novas descobertas nas investigações, ele manteve as declarações tentando se distanciar do texto.

Durante o depoimento, dado em 22 de fevereiro e que se tornou público nesta sexta-feira (15), por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, Torres foi categórico. "Jamais levou aquele texto ao conhecimento do então presidente da República ou de qualquer pessoa", afirmou em parte do depoimento lembrou ainda que a minuta "ficou ali para ser descartada como lixo". Na visão do ex-ministro da Justiça, o documento é "mal redigido e uma aberração jurídica".

Um dos pontos questionados durante a conversa com a PF foi o fato de que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, além de Filipe Martins e Marcelo Câmara, que foram assessores do presidente, estavam preocupados com a apreensão da minuta por parte da Polícia Federal. Anderson foi enfático em afirmar que desconhece esses fatos.

Ele foi enfático e pediu para "reiterar que o texto encontrado em sua residência não é de sua lavra, não foi recebido ou repassado para qualquer integrante do governo ou ao então presidente da República" e que, naquela época, "tais documentos estavam banalizados e sendo entregues em diversos órgãos públicos".

A minuta foi encontrada pela PF no dia 10 de janeiro de 2023, durante operação de busca e apreensão na residência de Anderson Torres. O documento estava em um armário e contava com três páginas, redigidas em um computador. O teor dela era um decreto com o objetivo de tentar achar uma fundamentação jurídica para a realização de um golpe de Estado. Ainda havia a previsão de ser instaurado um estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a reversão do resultado eleitoral.

Torres foi preso em janeiro do ano passado por suposta omissão nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Ele deixou a prisão de forma provisória em maio do mesmo ano.

Torres nega tentativa de golpe

Anderson também foi questionado a respeito de ter participado e feito afirmações durante reunião em julho de 2022, quando o ex-presidente Bolsonaro teria feito declarações golpistas.

O ex-ministro garantiu que não anuiu com as afirmações de Bolsonaro e sua manifestação foi no sentido de que cada um dos ministros presentes "deveriam atuar no âmbito de suas pastas para que todas as ações ministeriais fossem levadas ao conhecimento da população, potencializando a chance de vitória nas eleições".


Em nota, Eumar Novacki, advogado de Anderson Torres, afirmou que seu cliente não participou de qualquer reunião com Bolsonaro e comandantes militares para tratar de medidas antidemocráticas. Ele garantiu ainda que outros depoimentos que o citaram foram feitos de "modo genérico e vago" e com "grave equívoco".

O advogado afirmou que vai pedir novo depoimento e até acareação porque seu cliente "mantém sua postura cooperativa com as investigações e seu compromisso inegociável com a democracia".

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