O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 22.12.2022
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida

Após orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de evitar atos, solenidades, discursos ou produção de materiais oficiais em memória dos 60 anos do golpe militar, o Ministério dos Direitos Humanos, representado por Silvio Almeida, cancelou um ato marcado para 1º de abril.

Segundo informações do jornal  Estadão , o ato organizado pela pasta aconteceria no Museu da República, em Brasília. A cerimônia contaria com um discurso oficial do ministro e uma programação extensa para exaltar a luta das pessoas perseguidas pela ditadura militar.

Apesar do cancelamento do ato e do pedido do presidente de não fazer alarde sobre os 60 anos da ditadura, as agendas que já vinham sendo montadas em vários setores do governo paralelas à data do golpe, como reuniões ordinárias da Comissão de Anistia para julgamento de processos, devem ser mantidas.

O Palácio do Planalto informou que não iria comentar o assunto e, até a publicação desta reportagem, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania não se manifestou.

"Aceno" aos militares

Na cúpula do governo, a decisão de Lula de proibir atos alusivos ao golpe tem sido interpretada como um 'aceno' do petista aos militares.

Segundo aliados do presidente, prevaleceu o tom conciliador entre os dois polos, uma vez que os militares estão ressabiados com o avanço das investigações sobre os  ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Aliados também dizem que Lula desencorajou atos das Forças Armadas celebrando a ditadura — como ocorreu, por exemplo, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Lula diz que quer "tocar o país para frente"

Em recente entrevista à RedeTV! , Lula afirmou que não quer ficar "remoendo" o golpe militar e que é preciso "tocar o país para a frente". Na ocasião, ele afirmou estar mais preocupado com a  tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023.

"Eu, sinceramente, vou tratar da forma mais tranquila possível. Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. Eu tinha 17 anos de idade, estava dentro da metalúrgica Independência quando aconteceu o golpe de 64. Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país", disse.

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