O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, evitou comentar a repercussão das falas do presidente Lula (PT) sobre Israel e sua respectiva declaração de "persona non grata" feita pelo governo israelense.
"Não sou comentarista das falas do presidente da República. Ele teve 60 milhões de votos", afirmou Boulos durante entrevista à rádio BandNews FM nesta segunda-feira (19). Lula declarou apoio ao candidato do PSOL, contrariando lideranças do Partido dos Trabalhadores que preferiam uma candidatura própria.
O deputado afirmou que sua posição quanto ao conflito é bastante clara, mas defendeu não ver sentido na discussão do tema em um debate sobre a cidade de São Paulo, que é "cheia de problemas".
"Deixei claro qual é o meu posicionamento, que condena os ataques terroristas feitos pelo Hamas, ao mesmo tempo que condena os ataques desmedidos feitos pelo Exército de Israel sob o comando do Benjamin Netanyahu, um representante de extrema direita questionado dentro de Israel, inclusive", disse. Mas reiterou: "Quero tratar dos temas da nossa cidade".
Boulos disse que "a vida de uma criança israelense vale tanto quanto a vida de uma criança palestina, de uma criança brasileira". "Não podemos dizer que algumas vidas podem ser exterminadas sem nenhum tipo de questionamento."
O pré-candidato declarou que "não podemos ter dupla moralidade, quando se trata de vidas, sobretudo", e apontou que houve algumas pessoas "que, desde ontem, saíram para atacar o presidente Lula em alto e bom som", mas, segundo ele, não emitiram palavras "condenando o ataque a crianças, condenando bombardeios indiscriminados em Gaza".
Nesse domingo (18), deputados bolsonaristas informaram que deverão protocolar um pedido de impeachment contra o presidente sob alegação de crime de responsabilidade pelas críticas feitas a Israel.
Lula compara ataques de Exército israelense contra civis ao Holocausto nazista
Durante coletiva de imprensa nesse domingo (18), o presidente Lula falou que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus".
Em resposta, o governo israelense, por meio do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, classificou as falas como "vergonhosas", declarando Lula "persona non grata" no país.
"Não perdoaremos e não esqueceremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate de suas palavras", disse o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, no X (antigo Twitter).