Antes de ser declarado inelegível, o general da reserva Braga Netto era considerado um forte nome do campo bolsonarista para concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.
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Antes de ser declarado inelegível, o general da reserva Braga Netto era considerado um forte nome do campo bolsonarista para concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.

O general Walter Braga Netto, que se candidatou a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, instruiu militares a pressionarem os comandantes do Exército e da Aeronáutica a se juntarem à tentativa de golpe de Estado, que tem sido  investigada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta (8).

As mensagens de WhatsApp obtidas pela PF que mostram que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e Carlos Baptista Júnior, ex-chefe da Aeronáutica, sabiam sobre a  minuta de decreto golpista entregue a Bolsonaro, mas se negaram a apoiar o plano.

Na decisão que deferiu o mandado contra Braga Netto, a qual o Portal iG teve acesso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), consta o trecho de um levantamento da PF que aponta que o general teria “se concentrado na escolha de alvos, para a amplificação de ataques pessoais direcionados a militares em posição de comando, que resistiam às investidas golpistas, em coordenação de condutas que identificam o núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado”.

A PF pontua no documento que  os ataques eram executados a partir da difusão em múltiplos canais e por meio de influenciadores “em posição de destaque perante a audiência militar”.

"Oferece a cabeça dele", diz Braga Netto sobre General Freire Gomes

Na página 18 da decisão assinada, há imagens da conversa de Braga Netto com o militar Ailton Barros, próximo a Bolsonaro, em 14 de dezembro de 2022. Ele encaminhou texto a Barros dizendo que “a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen Freire Gomes. Omissão e indecisão na cabem a um combatente”.

Diálogo entre Braga Netto e Barros
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Diálogo entre Braga Netto e Barros

Barros respondeu: “vamos oferecer a cabeça dele aos leões”. Braga Netto concorda: “Oferece a cabeça dele. Cagão”. Na sequência, Braga Netto envia uma foto, sugerindo que estava, naquele momento, em frente à casa de Freire Gomes.

No dia seguinte, Braga Netto orienta Barros que Baptista Júnior se tornasse alvo de ataques públicos e disse que o chefe da Aeronáutica era um “traidor da pátria”.

“Senta o pau no Baptista Júnior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feitas e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente, inferniza a vida dele e da família”, escreveu Braga Netto. “Elogia o Garnier e fode o BJ.”

Diálogo entre Braga Netto e Barros
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Diálogo entre Braga Netto e Barros






Segundo a PF, as mensagens entre Braga Netto e Barros mostram que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, concordou com o golpe militar e colocou as tropas à disposição de Bolsonaro para executar o golpe.


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