Uma recente pesquisa realizada pela Quaest revelou que a sociedade brasileira mantém uma postura majoritariamente conservadora em relação à legalização do aborto.
Com 72% dos entrevistados manifestando contrariedade à legalização, e apenas 25% se mostrando favoráveis, o estudo reflete a predominância de uma visão tradicional sobre o tema.
No entanto, um dado surpreendente emerge ao abordar a questão da punição para mulheres que praticam o aborto. Embora a maioria dos entrevistados seja contrária à legalização, 84% acreditam que as mulheres que realizam abortos não devem ser presas.
Essa postura antipunitivista revela uma complexidade na percepção da sociedade brasileira sobre o assunto, indicando que a oposição à legalização não necessariamente se traduz em um apoio à punição das mulheres envolvidas.
Felipe Nunes, presidente da Quaest, observa essa aparente contradição, destacando a postura conservadora geral da sociedade, mas ressaltando a notável tendência antipunitivista quando se trata do aborto.
Esse fenômeno evidencia uma nuance no posicionamento dos brasileiros, indicando que o debate sobre o aborto vai além de uma dicotomia simples entre apoio e oposição à legalização.
O contexto atual é marcado pelo debate em torno do tema, impulsionado pelas recentes declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Barroso afirmou que não tem a intenção de pautar a discussão sobre o aborto em curto prazo.
Esta decisão ocorre enquanto o STF julga uma ação do PSOL, iniciada em setembro, que busca a descriminalização do aborto.
A ministra Rosa Weber já se posicionou a favor da descriminalização, mas Barroso solicitou a transferência do caso para o plenário presencial, alegando que o tema ainda não está devidamente "amadurecido" na sociedade.
O presidente do STF destaca a diferença crucial entre ser contra o aborto e acreditar que as mulheres que praticam tal ato devem ser presas. Barroso enfatiza o apoio a uma postura não punitiva.