Genaral Dutra durante depoimento à CPMI
Reprodução/Câmara dos Deputados
Genaral Dutra durante depoimento à CPMI

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes,  ex-comandante do Comando Militar do Planalto, disse à CPMI do 8 de Janeiro nesta quinta-feira (14) que "não sabia" do caráter golpista do acampamento dos bolsonaristas em Brasília. De acordo com o general que comandava as tropas na capital federal, "o acampamento era uma manifestação pacífica".

A fala do militar foi refutada pela relatora da Comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), que exibiu fotos de faixas de manifestantes pedindo intervenção militar. A senadora lembrou ainda que foi durante o acampamento que George Washington Souza planejou  colocar uma bomba em um veículo próximo ao aeroporto de Brasília.

Prestando depoimento fardado, o general se reservou ao silêncio diversas vezes durante a oitiva. No entanto, declarou que o Exército tentou conter o acompamento dificultando a logística dos manifestantes. Dutra também afirmou desconhecer a presença de militares da reserva no acompanhamento, argumento que também foi alvo de contestação pela senadora Eliziane Gama.

Embora o general tenha dito que o Exército tenha tentado estrangular as manifestações, os apoiadores de Bolsonaro recebiam água e alimentação durante a existência do acampamento. Além disso, manifestantes furtavam energia dos postes em frente ao QG e nunca foram impedidos pelo Exército — que chegou a organizar serviço de coleta de lixo e limpeza do acampamento, o que foi confirmado por Dutra.

O ex-comandante do Comando Militar do Planalto também declarou que nunca tentou impedir que o acampamento fosse desmontado. No entanto, o Comando Militar do Planalto nunca pediu reintegração de posse do local.


Acareação

Diante das divergências entre os depoimentos de General Dutra e de outros três integrantes da cúpula de segurança pública do Distrito Federal, a senadora Eliziane Gama defendeu uma acareação entre as partes. Os envolvidos, além do general, são: o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres; o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF); e a coronel Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações da SSP.

“A gente tem tão pouco tempo na CPMI e eu acredito que a gente deveria ter acareações nessa comissão, porque é impressionante como a gente percebe que alguns depoentes conflitam de forma drástica um com o outro”, defendeu a relatora.

“Se a gente pudesse ter essas acareações seria, de fato, muito importante”, completou.

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