O hacker Walter Delgatti Neto recebeu uma condenação de 20 anos e 1 mês de prisão no âmbito da Operação Spoofing. Esse processo tem como foco a investigação do vazamento de conversas de autoridades associadas à Operação Lava Jato.
Atualmente, Delgatti se encontra sob custódia, porém, em virtude de uma investigação distinta. Esta apuração está relacionada às suspeitas de que ele teria recebido pagamento da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para acessar sistemas eletrônicos do poder Judiciário de forma indevida.
O responsável pela decretação da sentença é o juiz Ricardo Augusto Soares Leites, que ocupa a posição de substituto na 10ª Vara Federal do Distrito Federal. Ele afirmou que foi comprovado o fato de que diversas autoridades foram alvo de atividades de invasão cibernética.
"A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões", argumentou. “Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado. É reincidente, conforme comprova sua ficha criminal e possui outros registros penais”.
O juiz ressaltou na sua decisão que Delgatti tentou vender as mensagens a jornalistas por aproximadamente R$ 200 mil.
Além do hacker, receberam condenações também Gustavo Henrique Elias Santos (13 anos e 9 meses), Thiago Eliezer Martins Santos (18 anos e 11 meses), Suelen Priscila De Oliveira (6 anos) e Danilo Cristiano Marques (10 anos e 5 meses).
Entenda
Em 2019, a Polícia Federal conduziu a Operação Spoofing, reconhecida por investigar a invasão e divulgação de conversas privadas entre o então ministro Sergio Moro e os procuradores envolvidos na Operação Lava Jato.
Antes de integrar o governo Bolsonaro, Moro desempenhou o papel de juiz responsável pela Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, em Curitiba (PR).
As mensagens obtidas por Delgatti foram entregues ao site The Intercept Brasil, que publicou reportagens contendo fragmentos dessas conversas. Essas matérias ficaram conhecidas entre os leitores como "Vaza Jato". O veículo de imprensa não efetuou pagamento pelo material.
O conteúdo revelou mensagens de natureza controversa, levando à anulação de condenações, incluindo a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, Sergio Moro foi considerado pelo Supremo Tribunal Federal um juiz com suspeição.