O ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse que "nunca" questionou o resultado das eleições 2022, que elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração ocorreu durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta terça-feira (8).
Na ocasião, ele disse ter agido de "forma transparente" e que fez de tudo para facilitar o trabalho da equipe de transição de governos.
"Nunca questionei o resultado das eleições. Fui o primeiro ministro a receber a equipe de transição, no meu caso Flávio Dino, que seria meu sucessor. Entreguei relatórios, agi de forma transparente e sempre no sentido de facilitar. Durante a transição, não foi registrado qualquer contratempo e tudo correu dentro da normalidade", afirmou Torres à comissão.
Durante a oitiva, ele voltou a dizer que a minuta golpista encontrada na casa dele durante operação da Polícia Federal em janeiro deste ano
não tinha valor jurídico e que "jamais" cogitou entregar o documento a alguém.
Ao ser questionado sobre a origem da minuta, Torres disse não se lembrar de quem teria recebido o texto. Na ocasião, o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal também foi confrontado sobre o motivo de ele ter mantido o documento em sua casa.
"Era tão absurda [a minuta], tão teratológico tudo aquilo que eu realmente não levei em consideração e coloquei para descarte", afirmou. "Eu não imprimi a minuta, ela foi recebida no meu gabinete ou por mim, eu não tenho certeza."
Moraes autorizou silêncio
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que Anderson Torres ficasse em silêncio durante a oitiva desta terça, mas o ex-ministro afirmou que participa da CPMI "com espírito cooperativo" e tem interesse em "esclarecer os lamentáveis fatos do dia 8 de janeiro".
"Sempre atuei de forma técnica e legalista. Quero dizer aos senhores e às senhoras membros desta CPI que estou aqui com espírito cooperativo. Tanto quanto os senhores, tenho todo interesse em esclarecer os lamentáveis fatos do dia 8 de janeiro. Em todos os depoimentos que prestei, sempre me pautei na verdade e me coloquei à disposição das autoridades para cooperar naquilo que estivesse a meu alcance para elucidação dos fatos", disse ele.