O Senado aprovou nesta terça-feira (23) uma nota de repúdio aos ataques racistas sofridos pelo jogador Vinícius Junior . O atacante do Real Madrid foi alvo novamente de insultos criminosos na 35ª rodada do Campeonato Espanhol, organizado pela La Liga.
"Eu requeiro a aprovação do presente voto de repúdio a todos os racistas transvestidos de torcedores da Espanha. Também peço repúdio às manifestações sobre o assunto do Presidente de LaLiga, o Sr. Javier Tebas, e a sua omissão em tomar providências contra o racismo no campeonato cuja organização é de sua responsabilidade. Ao invés de combater os racistas, o dirigente espanhol preferiu atacar a vítima, como nós vimos no dia de ontem. Não é possível aceitarmos, em pleno século XXI, senhor presidente, esse tipo de comportamento criminoso", disse Leila Barros (PDT-DF), senadora que apresentou o requerimento.
"Não basta declarar apoio ao Vinícius Júnior, e eu falo isso a todos nós presentes. Temos que ir além. Por isso apresentamos o presente requerimento pedindo o apoio e a sua aprovação a todos os nossos pares", acrescentou.
Mais cedo, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu em defesa do atacante brasileiro. Ele falou que há um grande compromisso entre os brasileiros para se combater o racismo.
"Hoje já tivemos a notícia da ação das autoridades espanholas com a prisão de alguns desses elementos para que sejam responsabilizados. Portanto, é isso que nós esperamos, não é nenhuma questão necessariamente de conflito nacional entre Brasil e Espanha, absolutamente; é uma questão humanitária, independente de qual lugar do mundo isso aconteça é preciso ter todo o repúdio e toda a veemência para evitar que isso aconteça", discursou.
"Tudo quanto houver de medidas legislativas que possam ser feitas para poder coibir, num critério de prevenção geral, esse tipo de ilícito, nós devemos nos incumbir de fazer aqui no Senado Federal. Essa prevenção especial, essa atuação em casos concretos cabe, evidentemente, às autoridades policiais, ao Ministério Público, ao Poder Judiciário, que eu espero, no Brasil, ajam de uma maneira muito contundente em face desses acontecimentos", completou.
Caso Vinícius Junior
Vinícius Junior, atuando pelo Real Madrid, enfrentava o Valencia pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol no último domingo. No segundo tempo, o atleta brasileiro comunicado o árbitro que parte da torcida presente no estádio Mestalla o chamou de “macaco”.
O confronto foi paralisado por oito minutos. Após o fim do duelo, que terminou um a zero para o Valencia, jogadores e o técnico do Real Madrid, Carlos Ancelotti, repudiaram os novos ataques racistas contra Vini Jr.
A La Liga, responsável pelo torneio, já notificou a Justiça oito vezes por atos de racismo contra o brasileiro só nesta temporada. Porém, Vinícius acusou a organizadora do Campeonato Espanhol de achar “normal” o ataque que sofre frequentemente no estádio. Ele ainda relatou que a Espanha é conhecida no Brasil como um “país racista”.
“Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", escreveu.
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