Anderson Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil - 21/06/2022
Anderson Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro

Uma viagem de Anderson Torres à Bahia entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022 fez com que uma investigação sigilosa fosse montada para apurar a  operação da Polícia Rodoviária Federal que bloqueou as estradas do Nordeste no dia do segundo pleito.

Na apuração citada, a PF investiga se houve, por parte do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, abordagens feitas em dobro para impedir que eleitores do hoje presidente,  Luiz Inácio Lula da Silva (PL) chegassem aos locais de votação. 

Segundo informações da coluna da Malu Gaspar, do jornal O Globo, os delegados apuraram que em outubro, o ex-ministro da Justiça Torres e os assessores se reuniram com o superintendente da Polícia Federal na Bahia, Leandro Almada, e seus dois assessores diretos, os delegados Flávio Marcio Albergaria Silva e Marcelo Werner Derschum Filho.

A ida era intencional, para ordenar pessoalmente que a Polícia Federal se engajasse, com equipes e trabalho de inteligência, na operação que o Ministério da Justiça planejou com a Polícia Rodoviária Federal de parar todos os ônibus e veículos que transportariam eleitores no domingo do segundo turno com qualquer tipo de irregularidade.

"A função de vocês aqui é tão estratégica que se eu pudesse trocaria de lugar com vocês", disse Torres ao grupo reunido na superintendência da PF, segundo relatos das testemunhas que participaram da reunião.

O ex-ministro da Justiça justificou a ação dizendo que o ministério estava recebendo muitas denúncias de compras de voto por petistas no Nordeste. Para ele, tal fator explicava a grande diferença entre a votação de Lula e a de Bolsonaro durante o primeiro turno. Na Bahia, Lula tinha tido 5,8 milhões de votos (69,73%), contra 2 milhões (24,31%) do então ex-mandatário.

Segundo Torres, a inteligência da pasta da Justiça informou que os petistas pretendiam causar confusão no dia do segundo turno, por isso, a operação para supervisionar os veículos foi instalada.

O ex-ministro queria ainda que a Polícia Federal colocasse pelo menos 90% das frotas nas ruas e estradas daquele domingo, o que não seria comum para o período.

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