A 7ª CCR (Câmara de Coordenação e Revisão) do MPF (Ministério Público Federal), responsável por fazer o controle externo da atividade policial, exige investigação de possíveis omissões da Polícia Rodoviária Federal na fiscalização das motociatas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
O antigo mandatário realizou mais de 30 motociatas nos seus dois últimos anos de mandatos em diversos estados. Os eventos tinham como objetivo se promover eleitoralmente, não tendo nenhuma relação com o cargo de presidente. Ele pilotava moto sem capacete, o que é infração gravíssima no Código de Trânsito Brasileiro.
Unidades do Ministério Público Federal nos estados receberam a ordem de apurar se policiais rodoviários federais não cumpriram o dever de fiscalizar o trânsito durante as motociatas. Na ocasião, a PRF argumentou que estava trabalhando apenas na segurança do então governante do Brasil.
Como o caso foi arquivado, a 7ª CCR do MPF realizou uma revisão das conclusões da primeira instância e discordou da decisão. Por conta disso, devolveu o caso para que novas apurações fossem feitas.
A 7ª Câmara de Coordenação e Revisão já tinha solicitado a abertura de inquérito policial para investigar a conduta do ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques no comando da PRF.
A Polícia Rodoviária Federal foi acusada de estar alinhada ao bolsonarismo e sofreu críticas ao fiscalizar ônibus no segundo turno das eleições em regiões onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era favorito.
Por conta disso, os pedidos de investigação enviados ao MPF mostram que há indícios que a PRF foi omissa a eventuais infrações cometidas por Bolsonaro e outros integrantes das motociatas.
Membros da 7ª CCR relataram que, se existem provas de infrações registradas em vídeos, não há justificativa para não ter autuações.
O colegiado concluiu que as apurações precisam esclarecer se teve, de fato, fiscalização, além de identificar os agentes responsáveis para acompanhar as motociatas.
Comandante da PRF criticou antecessor
O inspetor Antônio Fernando Oliveira, novo responsável pela PRF, criticou o antecessor por conta do trabalho feito nas motociatas.
"É frequente que o liderado replique a atitude do líder. Por isso a enorme responsabilidade de alguém que esteja à frente de um grupo. Quando o presidente da República deixa de usar o capacete, ele influencia o comportamento de motociclistas, e indiretamente de toda a sociedade. E como o capacete, também aconteceu com a máscara [de proteção facial], a vacina, o distanciamento social", disse recentemente.
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