Daniela Carneiro participou da cerimônia de transmissão de cargo
Reprodução/Turismo
Daniela Carneiro participou da cerimônia de transmissão de cargo

O ministro da Casa Civil , Rui Costa (PT-BA), disse nesta quarta-feira (4) que não há discussão para uma demissão da ministra do Turismo , Daniela Carneiro (União Brasil). O ex-governador da Bahia relatou que a situação da sua colega não causa “desconforto” até o momento para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2018, Daniela realizou campanha junto com Juracy Alves Prudêncio, o Jura, ex-sargento condenado por assassinar um adolescente de 16 anos, em 2007. Ele também é acusado de chefiar uma milícia em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense.

Rui Costa foi questionado sobre o assunto minutos antes da posse da ministra do Meio Ambiente e da Mudança Climática, Marina Silva. Ele esclareceu que, caso apareça alguma nova evidência sobre o episódio, o tema será tratado de outra forma.

“Não tem, até aqui, nenhuma outra repercussão, nenhuma materialidade concreta sobre nada que crie nenhum tipo de desconforto até o momento. Se surgir coisa nova, aí é outra história. Mas até aqui não tem nada que provoque nenhum tipo de desconforto não", pontuou.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), também se manifestou. Ele relatou que todo político pode aparecer em fotos com qualquer pessoa, mas isso não significa que esteja envolvido em atos criminosos. No entanto, falou que o caso necessita ser analisado.

“Eu estou tomando conhecimento desse fato agora, realmente eu não vi nada sobre isso. Acho que pela sua pergunta nós não temos ainda elementos que possam extrair que uma foto revele ligação com a milícia. É preciso ir com calma, como eu tenho tido prudência ao longo da minha vida e, inclusive, nesse diálogo com vocês aqui”, comentou em entrevista ao UOL.

Quem é Jura?

Em 2008, Jura concorreu ao cargo de vereador de Nova Iguaçu pelo PRP (Partido Republicano Progressista). Durante a campanha, entregou santinhos junto com Daniela na Baixada Fluminense. Na ocasião, ele estava preso em regime semiaberto, no entanto, conquistou autorização da Justiça para deixar a prisão porque conquistou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na Prefeitura de Belford Roxo, que era administrada por Waguinho, marido de Daniela.

Apesar do apoio, Jura perdeu a eleição ao conquistar apenas 9.335 votos. Investigação feita pela justiça apontou que o ex-PM utilizou da estrutura da milícia para realizar campanha.

O ex-PM foi acusado de ser chefe do Bonde do Jura, um grupo de milicianos acusado de praticar vários homicídios na Baixada Fluminense. Ele tirou fotos com Waguinho e Daniela em diversas oportunidades.

O relatório da CPI das Milícias, feita por Marcelo Freixo (PT-RJ), apontou que Jura comandava 70 pessoas, inclusive policiais militares, para atuar nos bairros Comendador Soares, Jardim Nova Era, Jardim Pernambuco, Palhada e Rosa dos Ventos, todos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O ex-PM foi condenado a 22 anos de prisão por homicídio.

O relatório afirmou que o grupo chefiado por Jura cobrava taxas de segurança R$ 20 a R$ 30 dos moradores e de R$ 20 a R$ 40 de comerciantes. Os bandidos também possuíam o monopólio da venda de gás e do sinal clandestino da TV a cabo e da internet.

Jura está preso desde 2009, condenado de homicídio. O crime ocorreu em 2007 e a vítima Paulo Ricardo Soares da Silva, de 16 anos, foi morto a tiros em um bar em Nova Iguaçu.

Em comunicado à imprensa,  Daniela declarou que “apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito”.

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