O senador eleito Wellington Dias
(PT) se posicionou nesta terça-feira (6) a favor da separação dos ministérios da Justiça e Segurança Pública
. Durante o evento “E agora, Brasil?”, organizado pelo jornal O Globo, o ex-governador do Piauí afirmou que é necessária uma organização à parte para combater à violência. A declaração vai na contramão do que defende Flávio Dino
(PSB), favorito para comandar a pasta unificada.
“Não é razoável que se jogue nas costas dos estados a responsabilidade de um tema que é impossível de se resolver só pelos estados. A pessoa que comanda o primeiro comando da capital no Piauí, por exemplo, está presa em Campinas, em São Paulo, para se ter uma ideia. Isso é uma realidade no país. Defendo, e o Fórum dos Governadores também defende, que tenhamos uma área para cuidar com total prioridade do tema da segurança. Eu entendo que sim (é preciso de um ministério à parte)”, comentou.
Dias lembrou que se uniu a Rui Costa, ex-governador da Bahia, para que ocorresse a divisão do ministério. Na ocasião, o presidente da República era Michel Temer (MDB).
“Eu e governador Rui somos cúmplices. No consórcio Nordeste, e depois no Fórum dos Governadores, abrimos esse debate há muitos anos. E ali estávamos discutindo com a presidente Dilma. Houve o golpe, ela foi afastada, e assumiu o presidente Temer. E a gente pediu uma agenda com o governo e conseguimos, pela primeira vez no Brasil, ter o Ministério da Segurança. Raul Jungmann foi o primeiro ministro da Segurança”, relatou.
“Se você pergunta a qualquer brasileiro quais são os principais problemas. Se pedir para citar três, não sei qual a ordem que vai dar, mas certamente a segurança será um deles. É gravíssima a questão da segurança. Com desvio de foco em tantas coisas, não estamos olhando para a segurança”, completou.
Dias diz que homicídios estão subnotificados
O senador eleito explicou que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisará fazer uma revisão de dados sobre homicídios no Brasil. Segundo o ex-governador- há uma subnotificação.
“Você vai ver o escândalo que vai ser na hora que padronizar de novo a regra do que é um homicídio. Vai ser um escândalo, porque hoje o número de homicídios é próximo do número de casos não resolvidos. Ou seja, encontrou um veículo incendiado e tinha lá um cadáver. Não se sabe se foi homicídio, fica com caso não resolvido”, explicou.
“Não vem para a contabilidade. Então não teve queda coisa nenhuma de homicídio neste país. Basta ver o que acontece no país inteiro. E cresceu (o número de homicídios). Hoje não deve ter um município que não tenha facção de traficantes”, encerrou.
A opinião de Flávio Dino
O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, já afirmou que é favorável que o Ministério da Justiça e Segurança Pública continuem unificados. Porém, o senador eleito relatou que, caso Lula decida separar os setores, é preciso que as duas pastas trabalhem juntas.
“Tecnicamente, eu sempre defendi o modelo de integração porque eu fui juiz federal criminal, aqui em Brasília inclusive, e sei que só existe política pública de segurança integrada com Justiça e em diálogo com as instituições com os outros poderes”, comentou.
“Claro, a integração pode se dar com 2 ministérios? Pode. Agora, separar no sentido de imaginar que são funções estanques é um equívoco metodológico, equívoco político e conduz à ineficiência”, falou.
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