Há 16 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era entrevistado no Jornal Nacional como candidato à Presidência da República. Nesta quinta-feira (25), o político volta ao programa também na corrida presidencial, só que desta vez, com o adversário de 2006, Geraldo Alckmin , como seu candidato a vice nas eleições deste ano.
"Hoje serei entrevistado como candidato no Jornal Nacional. A última vez foi na eleição de 2006, quando meu adversário era... Geraldo Alckmin. Hoje iremos juntos até lá", publicou o petista no Twitter.
Em 2006, os então apresentadores do Jornal Nacional William Bonner e Fátima Bernardes, realizaram a sabatina com Lula no Palácio da Alvorada. A entrevista teve apenas onze minutos, com acréscimo de trinta segundos para considerações finais.
Lula concorria a reeleição e, na maior parte do tempo, teve que responder perguntas sobre o Mensalão, escândalo de compra de votos que ameaçou derrubar o governo do petista em 2005.
O escândalo foi baseado em repasses de fundos de empresas, que faziam doações ao Partido dos Trabalhadores (PT) para conquistar o apoio de políticos.
O esquema de corrupção começou em 2002 e só em 2005 foi descoberto, por meio de uma gravação secreta. Nas filmagens, Maurício Marinho, que erachefe do departamento de Contratação dos Correios – foi flagrado recebendo propina de três mil reais em nome do deputado federal Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Após a divulgação do material gravado, Marinho divulgou detalhes sobre Mensalão, que envolvia o PT e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Roberto Jefferson também delatou todo o esquema de corrupção. Ele disse que Delúbio Soares, tesoureiro do PT na época, destinava uma mesada de R$30.000 para congressistas apoiarem o governo Lula.
Na sabatina, o ex-presidente defendeu a liberdade do Ministério Público para investigar denúncias, mesmo contra aliados do governo.
"Ética significa você permitir que as instituições façam as investigações que elas precisam fazer. E o nosso governo tem trabalhado de forma excepcional para desvendar qualquer denúncia. O procurador da República, no meu governo, indicia. Em outros governos, engavetava", disse Lula na época.
O ex-metalúrgico também afirmou que não sabia das irregularidades que envolviam o ministro José Dirceu e outros dirigentes do PT, mas disse que afastou todos os funcionários suspeitos de desvios.
Segundo ele, não é papel do governo federal punir ou julgar os suspeitos de irregularidades, mas sim do Poder Judiciário e da Polícia Federal.
"Eu soube depois que aconteceu. As pessoas ousam dizer: ‘o presidente deveria saber de tudo’. Ora, vamos ser francos. Está cheio de pai e mãe que ficam sabendo que o filho cometeu um delito pela imprensa, ou quando a polícia prende. Como é que pode alguém querer que o presidente da República saiba o que está acontecendo agora na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, ligada ao Ministério da Agricultura? Como é que eu posso saber o que está acontecendo com os meus ministros que não estão aqui?", questionou.
Nos minutos finais da entrevista, Bonner perguntou ao candidato o motivo dos índices de tráfico de droga ter crescido durante o primeiro governo de Lula (2002-2006).
"O Brasil tem praticamente 17 mil quilômetros de fronteira, não são 17 metros. Se você tivesse um exército de 3 milhões de soldados, ou a Polícia Federal com 4 milhões, ainda assim não controlaria toda a fronteira. A Polícia Federal está desbaratando e prendendo quadrilha ligada ao narcotráfico como jamais antes. E nós não estamos apenas investindo de forma excepcional na inteligência da Polícia Federal, como estamos investindo em criar condições para que ela tenha instrumento para trabalhar", respondeu o petista, que na época afirmou que o Brasil não era produtor de cocaína.
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