O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que não precisa assinar o manifesto em defesa da democracia articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Bolsonaro afirmou que a carta é "política" e que não precisa falar se é ou não um democrata.
"Essa carta é política. Não precisa eu falar se sou democrata ou não, olha as minhas ações. [...] Essa carta como está você não precisa assinar, é com gestos [...] Eu comprovo que sou democrata pelo o que eu fiz", disse em entrevista ao SBT.
Bolsonaro se refere ao manifesto em defesa da democracia articulado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, e um grupo de grandes investidores, empresários e advogados que deve ser divulgado até sexta-feira. Gomes consultou na noite de segunda-feira um colegiado de dezenas de diretores da Fiesp, majoritariamente favoráveis à publicação do documento.
O documento terá de instituições representativas de diversos segmentos da indústria nacional e também de entidades da sociedade civil. A ideia do texto, segundo um dirigente da entidade, é mostrar que quaisquer ataques às instituições e ao Estado de Direito não têm respaldo das grandes empresas brasileiras.
O texto já tem o apoio da Fiesp, da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), além da Comissão Arns. Segundo empresários familiarizados com o assunto, o texto está em análise, também, por entidades como o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e o Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP).
Ex-ministros do Supremo Tribunal Federal, acadêmicos, empresários e entidades da sociedade civil assinaram um outro manifesto em favor da democracia em reação aos seguidos ataques ao sistema eleitoral que Bolsonaro tem feito.
Com cerca de 100 mil assinaturas, o manifesto em favor da democracia é apresentado pelos organizadores como reação aos reiterados ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e às instituições, embora não mencione diretamente o nome do presidente. O documento será lido no Largo de São Francisco, no dia 11 de agosto, em um ato em defesa da democracia brasileira.
"Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional", diz o texto.
Ao abordar o período eleitoral, o texto afirma: “Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”. A carta também defende as urnas eletrônicas, classificadas como "seguras e confiáveis", em contraposição aos ataques de Bolsonaro, sem provas, ao sistema eleitoral.
O documento ainda diz que os signatários vão “deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática”.
Debates
Bolsonaro também afirmou que "pretende" ir aos debates, mas que na política tudo é dinâmico. A ideia do presidente é não ficar "preso a uma agenda" de ataques "gratuitos" e responder com as ações do governo.
"Tenho que falar que eu pretendo ir, na política tudo é dinâmico, pretendo ir, até porque tenho muita coisa a apresentar. Eu não vou ficar preso a uma agenda onde alguém vai me atacar de forma gratuita vou ficar respondendo ataques gratuitos, vou responder com o que nós fizemos. E fazer comparações com governos anteriores."
O presidente ainda disse que não dará "bola" para a presença ou não do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na corrida pelo Planalto, nos debates.
"Não vou dar bola para isso não (presença do Lula). Eu acho que nós temos... a princípio a ideia é comparecer aos debates para mostrar o que nós fizemos."
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