O PP, sigla do Centrão que está na coligação do presidente Jair Bolsonaro (PL), anunciou nesta terça-feira um veto a coligações com o PT, partido do ex-presidente Lula, em todos os estados. A manifestação da cúpula do PP ocorreu dias depois de o partido ter entrado na Justiça Eleitoral no Piauí, estado de seu presidente licenciado, ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), numa tentativa de proibir a circulação de imagens que mostrem Bolsonaro com candidatos apoiados pelo partido na disputa ao governo local.
Em paralelo à tentativa de esconder a imagem de Bolsonaro em estados do Nordeste, onde o presidente é considerado um candidato com forte rejeição, o PP fez um aceno ao Palácio do Planalto proibindo apoios ao PT em todo o país. Nogueira, presidente licenciado do PP, discursou ao lado de Bolsonaro na convenção nacional do partido, na última quarta-feira, e publicou registros do evento em suas redes sociais.
Já na convenção estadual do PP no Piauí, no fim de semana, a imagem de Bolsonaro não apareceu no evento que declarou apoio à candidatura de Silvio Mendes (União) ao governo, tendo como vice a deputada federal Iracema Portella (PP), ex-mulher de Nogueira. No estado, o PP alegou ser fake news qualquer imagem que vincule Mendes e Portella a Bolsonaro, sob o argumento de que o PL tem candidatura própria ao governo, com o major Diego Melo.
O presidente em exercício do PP, deputado federal Cláudio Cajado, chegou a declarar no início do ano que não via "problema nenhum" em manter a aliança com o PT em seu estado, a Bahia, e apoiar Bolsonaro nacionalmente. À época, o PP fazia parte da base do governador Rui Costa (PT), e pleiteava assumir o Executivo baiano em um mandato-tampão com o vice-governador João Leão (PP). Sem o espaço desejado, Leão rompeu com o PT e declarou apoio a ACM Neto (União).
No Ceará, em convenção realizada no último sábado, a direção estadual do PP havia fechado uma aliança com o ex-governador Camilo Santana (PT), candidato ao Senado, e com o candidato petista ao governo, Elmano de Freitas. Nesta terça, a direção nacional do PP interveio para cancelar a coligação.
"O Diretório Nacional do Progressistas informa que a sigla não irá fazer coligação com o Partido dos Trabalhadores em nenhum Estado brasileiro. O PP oficializou, por meio de convenção nacional, coligação com o PL e apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro", informa a nota.
PP e PT vinham articulando participar da mesma coligação em pelo menos outros três estados: Espírito Santo, Pará e Mato Grosso. No caso da eleição capixaba, o PP aprovou em convenção no último sábado o apoio ao governador Renato Casagrande (PSB), também apoiado pelo PT, que pleiteia a indicação do vice na chapa. O PP, por sua vez, havia condicionado a aliança à presença de Ricardo Ferraço (PSDB) na chapa como candidato a vice-governador.
No Pará, os dois partidos formam a base de apoio ao governador Helder Barbalho (MDB), e ambos pretendem lançar candidatos ao Senado pela chapa: Flexa Ribeiro (PP) e Beto Faro (PT). Barbalho liberou os partidos de sua coligação a lançarem candidatos "isoladamente" ao Senado, amparado em uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que liberou a prática.
No Mato Grosso, o PP aproximou-se do ex-presidente Lula após o apoio petista à candidatura de Neri Geller (PP-MT) ao Senado. Geller havia tentado uma aliança com o governador Mauro Mendes (União), que acabou optando por apoiar o senador Wellington Fagundes, do PL, candidato à reeleição. Por ora, a federação que une PT, PCdoB e PV avalia lançar ao governo a candidatura de Márcia Pinheiro (PV), numa chapa com Geller. Márcia é casada com o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), adversário do governador.
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