Após uma turbinada na estratégia de inundar a pré-campanha com referências e agrados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o Republicanos oficializou na manhã deste sábado, durante convenção do partido na capital paulista, a candidatura de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo .
O evento aconteceu num centro de exposições e contou com a presença do próprio Bolsonaro, de quem Tarcísio foi ministro da Infraestrutura. A chapa tem na vice o ex-prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth (PSD), e o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes como candidato ao Senado, pelo PL.
Tarcísio fez um discurso direcionado a enaltecer o ex-chefe. Chamou-o de "pessoa que mudou minha vida, mudou minha história" e rasgou elogios ao governo federal. Afirmou que o Brasil de Bolsonaro "é o único país que está crescendo, gerando empregos".
O petista Fernando Haddad passou ao largo do discurso de Tarcísio, que preferiu centrar fogo no adversário direto, o atual governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB). Criticou as medidas do ex-governador João Doria (PSDB), seu antecessor, durante a pandemia, como o fechamento do comércio e a extinção de isenção fiscal a empresas.
"Hoje marca o fim de um ciclo, o ciclo de um partido que está há 28 anos no poder", declarou o ex-ministro, numa referência ao longo período em que os tucanos comando o governo de São Paulo.
A convenção unificada à do PTB, que integra a coligação de Tarcísio, confirmou também a candidatura de deputados estaduais, federais e senadores de ambas as siglas.
Espaço para crescer
Tarcísio está empatado em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto com Garcia. Ambos têm 13% das intenções de voto, de acordo com o último Datafolha . Haddad aparece com 34%.
Os números mostram, no entanto, que Haddad e Tarcísio ainda não pegaram carona em grupos que apoiam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Isso porque o ex-presidente tem 43% nas pesquisas em São Paulo, e o presidente, 30%.
O entendimento de aliados de Tarcísio é de que ele pode chegar ao patamar do ex-chefe — e assim se garantir no segundo turno contra Haddad — se a comunicação da campanha trabalhar essa associação.
'Rebolsonarização'
Depois de uma fase da pré-campanha em que deixou em segundo plano a ligação com o titular do Planalto, apresentando-se a um eleitorado mais de centro, a “rebolsonarização” de Tarcísio tem outro motivo central: o movimento de Garcia em direção aos eleitores de Bolsonaro no estado.
Na última semana, Tarcísio se referiu ao aliado ao menos 20 vezes no Twitter e Instagram e diversas outras em discursos. No período, 11 dos 13 tuítes enalteciam o ex-chefe ou os colocavam lado a lado, por exemplo.
Um dos vídeos publicados mostra Tarcísio cantando “ O capitão do povo”, jingle em ritmo de sertanejo da campanha de Bolsonaro, num espaço karaokê da convenção do presidente no Rio. Em dois outros, eles aparecem juntos para convidar os apoiadores a eventos.
A convenção deste sábado é vista dentro da campanha como peça-chave para grudar Tarcísio à imagem do presidente. Ao longo dos próximos dias, a equipe de comunicação deve abarrotar suas redes sociais com conteúdo gravado na convenção e aproveitar ao máximo imagens dos dois aliados um ao lado do outro.
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