Pré-candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB) consolidou o apoio de partidos alinhados nacionalmente ao governo federal como PP, Patriotas e parte do PL e dividiu o bolsonarismo em São Paulo. O movimento de Garcia gerou reações na candidatura do ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos), que deixou de lado a retórica mais moderada e adotou a estratégia de colar sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em sua aproximação com o bolsonarismo, Garcia esteve na semana passada com deputados do PL em Mogi das Cruzes, reduto eleitoral do presidente da sigla e ex-deputado Valdemar Costa Neto. Na ocasião, o governador estava acompanhado de parlamentares da sigla da região metropolitana. Não por acaso, lideranças da sigla no estado como André do Prado e Ricardo Madalena, que são próximos a Costa Neto, estão entre os mais assíduos nas agendas do governador. No PL do estado, pelo menos 7 deputados da sigla apoiam Garcia. Os outros oito parlamentares que estão com Tarcísio são oriundos de uma ala radicalizada do antigo PSL e recém filiados na janela partidária.
E não é só. Na última quinta-feira, Garcia foi a Presidente Prudente, a 560 quilômetros da capital, para regulamentar uma lei que permite a transferência de terras do estado a produtores rurais. Num gesto aos ruralistas, Garcia pediu que Luiz Antônio Nabhan Garcia, que é secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, transmitisse "um abraço" ao presidente. Fiel a Bolsonaro, Nabhan não tem simpatia pela reforma agrária e pela demarcação de terras indígenas.
Inicialmente, a campanha de Tarcísio planejava associá-lo moderadamente a Bolsonaro. A intenção era que a proximidade se desse em palanques, mas não no discurso. Em entrevista ao GLOBO, o ex-ministro se dissociou do ex-chefe ao dizer que confiava nas urnas eletrônicas — alvo frequente do presidente. No entanto, em meio aos acenos de Garcia ao eleitorado mais à direita, o que inclui um pacote de bondades para os policiais, Tarcísio deu uma guinada no discurso e intensificou as publicações ao lado de Bolsonaro. Na última terça-feira, ele afirmou que "o fantasma do MST tem que ser banido do país".
Em outra frente, um de seus principais aliados em SP, o ex-prefeito e ministro Gilberto Kassab, que preside o PSD nacional, tem feito viagens ao interior para tentar reverter apoio de prefeitos a Garcia e trazê-los para o flanco tarcisista. O governador tucano tem ampla maioria do apoio de prefeitos. Como mostrou O GLOBO, Garcia estima ter o apoio de 572 (ou 88%) dos 645 municípios paulistas. Segundo aliados, Tarcísio já prepara uma ofensiva contra os tucanos. Nas próximas semanas, ele deve intensificar a associação de Garcia com Doria e atacar medidas do governo estadual como o aumento de impostos para setores do empresariado.
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