Jair Bolsonaro critica novamente manifesto pela democracia
Reprodução/TV Brasil
Jair Bolsonaro critica novamente manifesto pela democracia

presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar nesta quinta-feira o manifesto em defesa da democracia articulado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva. Ele afirmou que é uma nota “política em ano eleitoral” e que não conseguia “entender” o motivo do manifesto, criado em resposta às acusações sem provas que o presidente fez do sistema eleitoral brasileiro a embaixadores na semana passada.

"Não consigo entender. Estão com medo do quê, se estou há três anos e meio no governo. Nunca teve uma palavra minha, uma ação, gesto. Nunca falei em controlar mídia, em controlar mídias sociais, em democratizar a imprensa. Nada", afirmou o presidente, completando: "Por que isso daqui? uma nota política eleitoral que nasceu lamentavelmente na Fiesp em São Paulo. Se não tivesse o viés político nessa nota eu assinaria. Sem problema nenhum", afirmou nesta quinta-feira, durante sua live semanal.

O presidente, contudo, tem intensificado seus ataques não apenas ao sistema eleitoral, mas também ao Poder Judiciário. Muitas vezes, ele critica pessoalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, no 7 de Setembro do ano passado, chegou a dizer que não respeitaria mais decisões de Alexandre de Moraes.

No domingo, na convenção que oficializou seu nome como candidato à reeleição, ele se referiu aos ministros do Judiciário como “surdos de capa preta”.

Bolsonaro ainda afirmou que assinaria o manifesto se não tivesse “viés político”. Além de questionar quais ações do seu governo representariam ameaças à democracia, o presidente afirmou que a manifestação se “voltou para o lado da defesa de outro poder”.

"Se não tivesse o viés político nessa nota eu assinaria. Sem problema nenhum. Mas, voltou para o lado de defesa de outro poder. Acho que o equilíbrio entre os poderes tem que existir e nós sabemos por onde que anda o desequilíbrio aqui no Brasil".

O manifesto em defesa da democracia articulado pela Fiesp tem recebido adesões de instituições representativas de diversos segmentos da indústria nacional e também de entidades da sociedade civil. A ideia do texto, segundo um dirigente da entidade, é mostrar que quaisquer ataques às instituições e ao Estado de Direito não têm respaldo das grandes empresas brasileiras.

O texto já tem o apoio de entidades como a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Além disso, há dois dias, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal, acadêmicos, empresários e entidades da sociedade civil assinaram um outro manifesto em favor da democracia em reação aos seguidos ataques, sem provas, ao sistema eleitoral que Bolsonaro tem feito.

Com mais de 340 mil assinaturas, o manifesto em favor da democracia é apresentado pelos organizadores como reação aos reiterados ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e às instituições, embora não mencione diretamente o nome do presidente. O documento será lido no Largo de São Francisco, no dia 11 de agosto, em um ato em defesa da democracia brasileira.

“Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz o texto.

Ao abordar o período eleitoral, o texto afirma: “Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”.

A carta também defende as urnas eletrônicas, classificadas como "seguras e confiáveis", em contraposição aos ataques de Bolsonaro, sem provas, ao sistema eleitoral.

O documento ainda diz que os signatários vão “deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática”.

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