Deputado federal Julian Lemos, ex-aliado de Bolsonaro
Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Deputado federal Julian Lemos, ex-aliado de Bolsonaro

O deputado federal Julian Lemos, ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, afirma que ele está "com quem disse que não estaria", referindo-se à aproximação do presidente com o Centrão.

"A inabilidade do governo é tamanha que quem deu governabilidade a ele foi o Centrão", declarou Lemos. A seguir, confira a entrevista completa.

O senhor estava ao lado do presidente Jair Bolsonaro na convenção de 2018, e hoje estão rompidos. O senhor se arrepende?

Eu não poderia me arrepender. Eu vinha com o coração cheio de esperança de que realmente era o início de uma mudança de um novo processo eleitoral, de uma nova mentalidade política. Não fui só eu. Foram 57 milhões de brasileiros. Não posso ser responsabilizado por nenhuma outra pessoa que não seja a mim mesmo. Agora, no fundo, dá uma frustração.

Em 2018, houve muitas críticas ao Centrão e discursos contra a corrupção. O presidente abandonou essas bandeiras?

O Bolsonaro deixou o bolsonarismo para trás. O bolsonarismo é um conjunto de ideias, de expectativas, de esperanças que ele cooptou, mas hoje se tornou um "bolsopetismo", porque as práticas são quase as mesmas. Veja quem estava no palco na convenção de 2018 e quem o presidente colocou no novo palco dele. É exatamente quem ele dizia que não estaria com ele. Muitos estão com ele não porque acreditam, mas por questão de sobrevivência.

Como o senhor avalia a adesão do Centrão ao governo?

A forma de agir do governo permitiu que a base natural dele fosse defenestrada. Ou você tem sua base ou terá o Centrão, que faz parte de todo o governo. É uma força política muito forte e organizada. A inabilidade do governo é tamanha que quem deu governabilidade a ele foi o Centrão.

Bolsonaro tem feito ataques às urnas eletrônicas, com discurso que ele traz desde 2018. Em caso de derrota, crê que o presidente aceitará o resultado?

O discurso (de Bolsonaro) está pronto. Se vencer a eleição por um voto, vai dizer que mesmo assim aconteceu fraude porque era para ter vencido com 20, 30 pontos acima percentuais acima. Se perder, o discurso está pronto.

Como encara o desafio de ir para a reeleição estando do lado oposto ao de Bolsonaro?

Não estou ao lado oposto, que é a esquerda. Eu sigo nem pela direita nem pela esquerda. Eu sigo em linha reta. O desafio é maior para ele do que para mim. Eu posso sair na rua e ninguém vai apontar o dedo dizendo que eu menti e me juntei com quem eu disse que não iria me juntar.

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