Além do total de jovens, outro número chamou a atenção na divulgação feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o eleitorado brasileiro para o pleito deste ano: o de brasileiros fora do país. Os dados apontam um crescimento de 39% dos imigrantes em relação a 2018. Para as eleições deste ano, 697 mil brasileiros no exterior estão aptos a votar, um aumento expressivo em relação a 500 mil de há quatros anos.
Assim como os que moram no Brasil, brasileiros no exterior precisam tirar o título e votar ou justificar sua ausência, segundo o TSE. Entretanto, só podem votar para presidente.
Em 2018, 201 mil imigrantes brasileiros foram às urnas, o equivalente a 40% dos brasileiros com domicílio eleitoral fora do país à época. Percentualmente, os eleitores no exterior não representam uma grande fatia do eleitorado — 0,4% do total neste ano —, mas podem fazer alguma diferença em uma eleição extremamente apertada.
Como padrão de comparação, se todos os imigrantes brasileiros se reunissem em uma cidade, seria a 16ª maior do país em tamanho de população, acima de capitais como Campo Grande (MS), Maceió (AL) e Teresina (PI). Em 2018, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro largou na apuração com uma vantagem de 77 mil votos sobre Fernando Haddad no segundo turno das eleições graças aos votos no exterior.
O crescimento deste ano foi puxado, em grande parte, pela imigração brasileira em Portugal. As duas cidades com o maior aumento absoluto em relação a 2018 ficam no país: a capital, Lisboa, com 24 mil novos eleitores, e o Porto, com 15 mil. A capital portuguesa era o 7º maior colégio eleitoral fora do país e, agora, é o maior, superando Miami e Boston, nos Estados Unidos.
Mas em crescimento proporcional quem se destaca é Dublin, na Irlanda. A cidade saiu de 2,1 mil eleitores em 2018 para 11,9 mil neste ano, mais de cinco vezes o total registrado na última eleição.
Analisados pelo GLOBO, os dados apontam que o crescimento de eleitores favorece levemente o PT: ou seja, cidades em que o partido teve uma votação maior cresceram mais em número de eleitores do que cidades que votaram mais em Bolsonaro.
Perfil do imigrante
O presidente Bolsonaro costuma ser mais forte em cidades japonesas, como Tóquio, Nagoya e Hamamatsu. O PT, por outro lado, se destaca em cidades tradicionais europeias, como Paris e Berlim, onde Haddad venceu Bolsonaro há quatro anos. O PT também venceu na cidade com o maior crescimento proporcional, Dublin, capital da Irlanda.
Os dados, entretanto, não permitem projeções: dependem, sobretudo, do perfil do imigrante que irá às urnas. Em Tóquio, capital do Japão, onde Bolsonaro levou vantagem, a maioria dos eleitores têm até o ensino médio. Já entre os brasileiros que votam em Paris, 53% têm ensino superior completo.
O crescimento do número de eleitores, entretanto, não chega a ser uma surpresa. Segundo dados do Itamaraty, até 2020 existiam 4,2 milhões de brasileiros vivendo no exterior, número que vem crescendo ininterruptamente desde 2015, quando o total de imigrantes era de 2,7 milhões, um aumento de 55% nos últimos sete anos. Entre 2018 e 2020, o crescimento foi de 625 mil brasileiros.
O número é muito maior que o de eleitores porque, a princípio, não existe obrigação de transferência do título de eleitor: muitos brasileiros podem morar no exterior mas manter seu local de votação no Brasil. Neste caso, são obrigados a justificar seu voto.
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