O Conselho de Ética decidiu prorrogar até o início de agosto o processo que analisa a conduta do vereador e youtuber Gabriel Monteiro (PL), acusado de filmar e manter relações sexuais com uma adolescente em vídeos que circulam pela internet e de acariciar uma outra criança.
A decisão foi tomada devido ao pequeno prazo para concluir as oitivas de quatro testemunhas de defesa que ainda restam. No início de julho, começa o recesso parlamentar, logo após a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
“O último a depor será o delegado Luiz Maurício Arnoud Campos (titular da 41ª DP, no Recreio), que preside o inquérito policial sobre as denúncias contra o vereador. Esse também é o prazo limite para o encerramento dos trabalhos. Regimentalmente, esse prazo pode ser prorrogado por 15 dias úteis antes de submeter o relatório à votação em plenário. Mas tem o recesso”, diz o presidente do Conselho de Ética. Alexandre Isquierdo (União Brasil).
O delegado foi arrolado como testemunha de defesa em lugar do empresário Rafael Sorrilha, que em abril, junto com o empresário Jailson Santos Salazar, foi acusado de integrar a chamada Máfia dos Reboques por Gabriel.
Com a troca, não existe mais a possibilidade de Sorrilha ser convocado por qualquer parte. Sorrilha chegou a divulgar vídeos em que aparece em festas com Monteiro.
Segundo Isquierdo, o feriado de Corpus Christi também é um dos motivos para a postergação dos trabalhos até agosto, já que os prazos são contados em dias úteis. A sexta-feira, 17 de junho, será ponto facultativo.
Nesta quinta -feira, o Conselho de Ética ouviu duas testemunhas de defesa do vereador. Uma delas foi o perito criminal Leandro Lima. Com a assistência de um psicólogo, ambos contratados pela defesa de Gabriel, eles analisaram o vídeo no qual Gabriel leva uma criança a um salão de beleza para cortar o cabelo, ocasião em que ele parece acariciar o pescoço da menor. A perícia, no entanto, foi feita em um vídeo diferente do material que consta nos autos do Conselho:
“O cenário é o mesmo. Mas o vídeo da defesa é diferente, não serviu como elemento probatório. O depoimento do psicólogo, que até elogiou Gabriel no relatório, talvez fosse mais útil”, disse o relator do processo, Chico Alencar (PSol).
Outra testemunha de defesa foi o PM Bruno Assunção, um dos policiais destacados para fazer a escolta de Gabriel Monteiro. Bruno disse que conheceu Gabriel há seis anos, quando o hoje vereador ainda era da Polícia Militar.
Enquanto isso, as ameaças contra os vereadores do Conselho de Ética nas redes virtuais prosseguem. Só Chico Alencar já recebeu mais de 300 mensagens. As denúncias consideradas mais consistentes serão encaminhadas à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, (DRCI). Chico acusou Gabriel de estimular o envio de mensagens ofensivas contra ele.
“O Gabriel postou mensagens dizendo que as denúncias não procedem. Foi o suficiente para mais mensagens de fãs que não agem com racionalidade na internet”, diz.
O relator também criticou o fato dos três advogados de defesa de Gabriel no caso serem assessores parlamentares do próprio vereador. De acordo com Chico Alencar, isso caracterizaria o uso de recursos públicos para fins particulares.
Na próxima segunda-feira, a Polícia Civil fará uma varredura nos gabinetes de membros da comissão atendendo a um pedido do grupo, para verificar se existem escutas. Um dos advogados de Gabriel Monteiro, Sandro Figueiredo, rebateu as acusações.
“Os depoimentos das testemunhas de defesa foram consistentes. Não entregamos o vídeo errado. Não tínhamos o material que consta nos autos do Conselho de Ética. Por isso, a perícia foi feita em cima do material que foi divulgado em reportagens da TV. Mas ressalto: não são cenários diferentes”, afirmou o advogado, que também falou sobre as publicações de Gabriel Monteiro citadas por Chico Alencar.
“Não sei se ele fez postagens. Mas, se realizou, foi no sentido de se defender. E não houve ofensas.”
Já em relação ao fato de a defesa ser paga com recursos públicos, Sandro rebateu:
“Não há nada no estatuto da OAB ou no Regimento.Interno da Câmara dos Vereadores que proíba isso.”
Sobre a troca de testemunhas, o advogado alegou que a defesa entendeu que o PM da escolta teria mais a contribuir no caso. Outro motivo da dispensa é que testemunhas de acusação teriam dito em depoimentos ao Conselho que hoje trabalham para Sorrilha. Procurado, Sorrilha negou que algum ex-assessor de Gabriel esteja trabalhando para ele.
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