O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira que seu eventual terceiro governo não terá um limite para gastos no orçamento federal, implementado na gestão de Michel Temer (MDB). Ele defendeu, em vez disso, uma administração pautada em "responsabilidade social".
Em entrevista à rádio "Mais Brasil News", emissora com base em Brasília, mas pertencente ao Grupo Norte Comunicação, de Manaus, Lula afirmou que o teto de gastos foi "uma forma que a elite econômica encontrou para evitar que o pobre tivesse aumento nos benefícios, nas políticas sociais".
"Um governo sério não precisa de teto de gastos. Aprovaram o teto de gastos porque os banqueiros são gananciosos. Eles exigiram que o governo garantisse o que eles têm direito de receber, e tentaram criar problema para investimento na saúde, educação, ciência e tecnologia."
O ex-presidente criticou a reforma trabalhista, também aprovada durante o governo Temer, no entanto, falou em "readequá-la" e não mais não revogá-la — posição que é defendida por uma ala mais à esquerda do partido e pelo PSOL, partido que apoiará a candidatura petista à Presidência.
"Eu não disse que a gente tem que destruir o que foi feito. Eu falo em readequar a reforma do trabalho ao século 21, tentar adaptá-la às leis trabalhistas do mundo de hoje. A gente não quer voltar ao passado. A gente quer ir para frente. Significa discutir uma legislação trabalhista junto com os dirigentes sindicais, trabalhadores, empresários e governo. O que a gente não quer é a implosão que eles fizeram com o direito dos trabalhadores", afirmou nesta terça-feira.
Como O GLOBO mostrou em abril, apesar da cobrança de aliados, Lula deve optar pelo caminho da “revisão” da reforma, com foco, a princípio, em três pontos principais: mudança das regras para o trabalho intermitente; garantia de direitos para profissionais que fazem entregas ou transporte de passageiros por aplicativos; e possibilidade de os sindicatos determinarem em assembleia com seus filiados as suas fontes de recursos.
Lula vem tentando fazer uma mediação entre a agenda trabalhista e o empresariado, num movimento de se tornar mais palatável ao centro. Um primeiro passo foi dado com a escolha do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), histórica figura do PSDB, como seu vice. O próprio petista afirmou na entrevista que a decisão teve o objetivo de fazer "uma fotografia para o centro":
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