Os presidentes do PSDB, MDB e Cidadania publicaram nesta quinta-feira uma "nota conjunta" para reafirmar que estão unidos na escolha de "um nome" para lançar à Presidência da República a partir da "compreensão" de "algo maior do que uma escolha partidária". O texto é um claro recado ao ex-governador João Doria, que já emitiu sinais de que não aceitará ser preterido na chapa presidencial pela senadora Simone Tebet (MDB). A parlamentar foi a pré-candidata escolhida pelos dirigentes Bruno Araújo (PSDB), Baleia Rossi (MDB) e Roberto Freire (Cidadania) em reunião ocorrida ontem, a portas fechadas.
O nome de Tebet ainda não foi oficializado, porque ainda precisa passar pelo crivo das Executivas das três siglas, o que deve acontecer na próxima semana. Para abrir o caminho à emedebista, a diretoria dos três partidos deflagrou um movimento para convencer Doria a desistir da disputa presidencial. Ele, no entanto, não cogita ceder sob o argumento de que a vitória nas prévias do PSDB legitima a sua candidatura. A nota divulgada hoje faz parte dessa estratégia.
"A partir desse momento, o resultado das prévias do PSDB estava vinculado a uma aliança mais ampla", diz o texto, frisando que a decisão da coligação se sobrepõe ao das primárias tucanas. "Estamos também convictos de que isso só pode ser feito a partir de uma aliança partidária, representada, sim, por um nome, mas sobretudo, pelo desejo de lutar por um Brasil melhor para todos os brasileiros", acrescenta.
A nota, que cita o nome do ex-governador seis vezes - mais do que a escolhida Tebet, mencionada duas vezes - relembra que a construção do nome de consenso da terceira via envolveu "várias reuniões promovidas" na casa de Doria. E que as conversas se iniciaram em um encontro na residência do ex-presidente Michel Temer em que o ex-governador estava presente.
Os dirigentes também recordaram declarações antigas de Doria em que ele dizia "não se priorizar nem excluir nenhuma alternativa".
A opção por Tebet ocorreu após Araújo, Baleia e Freire analisarem os dados de uma pesquisa quantitativa e qualitativa encomendada pelas três siglas. Segundo esse levantamento, que não foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a senadora apresentava uma rejeição menor do que a de Doria (de 20% ante mais de 50%), apesar de o paulista estar à frente nas intenções de voto (3% a 1%).
Apesar disso, a leitura que imperou entre os dirigentes é que Simone teria mais espaço para crescer assim que se tornasse mais conhecida no país. Pesou também a favor dela a percepção de que uma figura feminina menos afeita a conflitos tenha mais condições de romper a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - os dois lideram as pesquisas eleitorais até agora.
"O Brasil terá nova uma candidatura, competitiva, para vencer, que será oficializada em breve. O povo brasileiro – e não disputas ideológicas e partidárias – estará no centro do debate político nas eleições de outubro. Para problemas reais, soluções reais", afirma o texto.
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