Freixo e Lula em ato político em Niterói (RJ)
Brenno Carvalho/Agência O Globo
Freixo e Lula em ato político em Niterói (RJ)

O apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Marcelo Freixo (PSB) para o governo do Rio de Janeiro tem sido motivo de divergências entre membros do PT. Setores do partido enxergam a rejeição ao pessebista como possível obstáculo para a ampliação do eleitorado de Lula no estado, enquanto dirigentes da sigla garantem que a aliança está consolidada.

Outro ponto que pode criar um entrave para coligação entre as legendas é a disputa pela vaga ao Senado na chapa. Enquanto o PT reivindica como candidato único do campo o nome do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano, o PSB mantém a candidatura do deputado federal Alessandro Molon.

Na última terça-feira, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT encomendou uma pesquisa para avaliar o potencial eleitoral de Lula no Rio de Janeiro. A finalidade do levantamento demonstrou que há discordâncias na legenda sobre qual deve ser a estratégia da campanha do ex-presidente entre o eleitorado fluminense.

Segundo o secretário nacional do PT, Jilmar Tatto, o foco da pesquisa será medir o impacto de Freixo na candidatura do petista.

"Estamos analisando com lupa a situação de Lula no Rio de Janeiro. Há uma preocupação, pois parece que Freixo pode ser uma limitação", afirmou Tatto se referindo à rejeição do pessebista já medida por pesquisa eleitorais.

Segundo o último Datafolha, Freixo tem a segunda maior taxa de rejeição entre os pré-candidatos, com 26%; enquanto o governador Cláudio Castro (PL) soma 18%. Em primeiro lugar está o ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil) com 49%.

Diante desse cenário, Tatto defende uma composição mais ampla nas alianças no estado.

"Podemos sim ter dois palanques. Não vamos deixar de apoiar o Freixo, mas o ideal seria atrair o PSD no estado", diz o petista citando a sigla do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que lançou como pré-candidato para o governo Felipe Santa Cruz.

A mesma postura é defendida publicamente por correligionários como o vice-presidente da legenda, Washington Quaquá. Na visão desta ala, Freixo poderia limitar o crescimento de Lula entre o eleitorado de fora da esquerda, já que ele seria muito associado às bandeiras deste campo político.

Já a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, nega que o foco da pesquisa encomendada pelo partido no Rio seja sobre o impacto de Freixo em Lula. Ela diz que o levantamento visa identificar o perfil do eleitorado no estado que é o berço político do presidente Jair Bolsonaro (PL) e onde há um grande número de evangélicos.

Além disso, ela descartou a hipótese levantada por Tatto de que Lula pode se aliar a outros candidatos.

"Lula só vai ter um palanque no Rio: o de Freixo. Agora, se outros candidatos quiserem apoiar Lula em seus palanques, nós não vemos problemas", diz.

Vaga no Senado é exigência

Gleisi afirmou que o partido mantém conversas para ampliar o arco da aliança em torno da candidatura de Freixo, e também acenou para o PSD.

"Temos conversas de um acordo nacional com o PSD e gostaríamos muito do apoio de Paes no Rio, com quem temos uma boa relação. Para isso até uma composição de chapa poderia ser negociada, (uma vaga de) vice por exemplo", afirmou.

Enquanto acenam para o PSD, as lideranças petistas demonstram estar cada vez mais insatisfeitas com a postura do PSB em relação à vaga ao Senado. Se discordam sobre a formação de palanques de Lula na disputa para o governo, tanto Tatto quanto Gleisi rechaçam a possibilidade de que a coligação lance dois candidatos com Molon disputando a mesma vaga que Ceciliano.

Segundo o presidente do PT do Rio, João Maurício de Freitas, o GTE do partido encaminhou uma proposta à direção do PSB para que o acordo ao Senado seja cumprido pelo partido. Ele acredita que a definição da chapa passa por esse entendimento entre os partidos.

"Se esse acordo não for cumprido podemos avaliar uma nova aliança", diz Freitas.

Procurado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, não respondeu.

Freixo vem usando o apoio de Lula como o principal trunfo eleitoral para alavancar sua campanha para o Palácio da Guanabara. Questionado sobre as divergência no PT sobre o apoio à sua candidatura ele não respondeu.

Em sua primeira entrevista como pré-candidato ao GLOBO, ele afirmou que "não há hipótese de o PT sair da chapa", mesmo diante dos imbróglios com o PSB. Um dos cerca de 200 convidados para o casamento de Lula com a socióloga Rosângela Silva, em São Paulo, Freixo esteve no evento, na noite de quarta-feira, para prestigiar o petista.

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