Em carta enviada ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, nesse sábado (14), o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) disse que não abrirá mão do protagonismo na disputa eleitoral e chamou de "desculpas estapafúrdias" os critérios adotados para a escolha de um candidato único da terceira via:
"Não abrimos mão da posição de protagonista do projeto nacional do nosso partido, nos termos da decisão soberana da maioria de seus filiados. Não concordamos com qualquer outra pesquisa de opinião, considerando que a pesquisa interna, direta, já foi feita aos filiados, cabendo a você apenas respeitar o seu posicionamento anterior, expresso em carta assinada, bem como a vontade dessa esmagadora maioria de filiados do PSDB", escreveu o ex-governador, fazendo referência à carta na qual Araújo defendeu o resultado das prévias da sigla e reafirmou que Doria era o candidato à Presidência do partido.
O ex-governador, que disputa com Simone Tebet (MDB) a vaga de candidato da terceira via, ainda se disse vítima de tentativa de "golpe" dentro do partido, em razão dos critérios de escolha da chapa estabelecidos junto ao MDB e Cidadania:
"Apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes das eleições."
Nesta semana, a executiva nacional do PSDB manteve o entendimento de que a chapa da terceira via para o Palácio do Planalto será definida com base em pesquisas quantitativas e qualitativas, o que deixa Doria em posição de desvantagem, já que ele possui alta rejeição. Por isso mesmo, aliados do ex-governador têm acusado Araújo de atuar em prol da candidatura de Tebet ao Planalto, como forma de rifar o nome do ex-governador da disputa.
Doria argumentou que as pesquisas de opinião refletem o "momento", portanto não podendo servir de guia único para o voto do eleitor e muito menos para os destinos dos partidos. Em uma indicação de que poderá judicializar a situação, ele disse que irá usar de todas as "forças" para prevalecer a vontade da maioria dos filiados do PSDB, que escolheu seu nome como representante na disputa presidencial.
Logo após a carta, Araújo convocou uma reunião ampliada da Executiva Nacional para a próxima terça-feira, com a participação de deputados federais e senadores, para definir o futuro da pré-candidatura de Doria.
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